Na Colômbia, conhecemos Ana Ofélia, educadora de infância venezuelana. Pediu asilo ao país vizinho, com a filha, que por fazer parte do exército e ter desertado, corria risco de vida. Na sua nova casa, volta a tomar conta de crianças. As mães são quase todas mulheres venezuelanas que, sem documentos, sentem que não têm alternativa a não ser prostituir-se. Vera Quina representa o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em Putumayo, na Colômbia. Aqui, estima-se que vivam cerca de 6 mil refugiados venezuelanos, que procuram ver os seus direitos reconhecidos. Para a portuguesa, a distinção entre emigrante e refugiado é simples: "Emigrante sou eu. Eu estou aqui porque quero."
No Uganda, seguimos um dia na vida de Jackeline, sul-sudanesa,16 anos, refugiada.
Todos os dias demora uma hora a chegar à escola de Pagirinya. Faz o caminho a pé, sem nunca perder a vontade de aprender mais. A escola de Jackeline é uma das muitas a receber apoio do Serviço Jesuíta aos Refugiados (SJR), onde trabalha a portuguesa Joana Gomes.
No Líbano, o ACNUR faz os possíveis para arranjar um "novo país" para os refugiados. O objetivo é que possam ter mais oportunidades, construir um futuro. Desde 2011, dos 94 mil refugiados que o ACNUR submeteu para acolhimento,76 mil já conseguiram recolocação. E a boa notícia chegou finalmente para o refugiado sírio Abboud e a sua família: vão para a Alemanha. Abboud só sonha que os filhos possam aprender a ler e a escrever, algo que ele nunca teve a oportunidade: "Educação é luz."
MAIS INFO Promover a Cidadania e os Direitos Humanos, sem deixar ninguém para trás
Mais de 70 milhões de pessoas no mundo foram forçadas a fugir dos seus países ou a deslocar-se nos seus próprios países, devido a guerras, conflitos ou perseguições. Nunca houve tantos refugiados no mundo: 26 milhões de pessoas. Por sua vez, o número de deslocados ultrapassa os 40 milhões. E estes números não param de crescer.
A quinta temporada de "Príncipes do Nada" é dedicada a estas pessoas que, de um dia para o outro, se viram obrigadas a fugir. Gente que ficou sem um prato de comida, sem acesso a medicamentos, sem um tecto para proteger os filhos. E que, por entre fronteiras, procura uma nova esperança. Mas este é também - e sobretudo - um programa para todos os que não são refugiados.
Catarina Furtado e a sua equipa de "Príncipes do Nada" entraram nos campos de refugiados da Grécia, do Líbano, do Bangladesh e do Uganda. Percorreram ainda a Colômbia para conhecer as histórias dos migrantes venezuelanos, mas também dos milhões de deslocados colombianos. Em cada destino, procuraram retratar as difíceis condições em que os refugiados vivem, assim como conhecer o seu passado e os seus desejos para o futuro.
O importante trabalho das várias organizações humanitárias no terreno - Fundo das Nações Unidas para a População, Programa Alimentar Mundial, Serviço Jesuíta aos Refugiados, entre tantos outros, - também mereceram toda a atenção. E foram dezenas as entrevistas realizadas por Catarina Furtado, embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, para dar voz a quem lhes foi retirado esse direito.