Em todo o mundo, mais de 200 milhões de meninas e mulheres foram sujeitas a alguma forma de mutilação genital feminina (MGF).
A prática existe em cerca de 50 países do mundo, com maior incidência no continente africano.
No caso da Guiné-Bissau, país onde começamos o último episódio desta série do programa Príncipes do Nada, a excisão é feita somente pelas comunidades islamizadas.
A guineense Fatumata Balde é uma das sobreviventes desta prática hedionda e tornou-se numa acérrima ativista. Numa entrevista intimista com Catarina Furtado, recorda o dia da excisão.
Fatumata é membro do Comité Nacional para o Abandono de Práticas Tradicionais Nefastas à Saúde da Mulher e da Criança, organização guineense fundada em 1996.
Ao longo desta reportagem, a equipa acompanha ações de sensibilização nas aldeias guineenses, conversa com sobreviventes e ex-fanatecas (o nome fanateca é dado às mulheres que executam a excisão).
O Professor Malam Djassi, líder religioso muçulmano com grande influência, desmistifica a ideia de que a prática da excisão é uma recomendação corânica. E reitera o facto de que a mutilação genital feminina não vem no Alcorão.
Uma das grandes conquistas do comité foi a promulgação de uma lei em Julho de 2011 que pune e criminaliza a prática da mutilação genital feminina na Guiné Bissau.
O nosso último destino nesta série é Timor-Leste.
Em Same, no município de Manufahi, encontramos o casal de professores portugueses, Liliana Ferreira e Pedro Peixoto, que fazem parte da equipa do projeto Formar Mais - Formação Contínua de Professores, que conta com o apoio do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua.
Liliana ensina português, Pedro dá aulas de Cidadania e Desenvolvimento Social.
Apoiar o sistema educativo de Timor-Leste é o principal objetivo do projeto, que quer ainda garantir a reintrodução e consolidação da língua portuguesa, uma vez que é a língua oficial do país juntamente com o tétum. Para tal, muito se tem investido no reforço pedagógico e científico dos docentes e profissionais do 3.º Ciclo do Ensino Básico e Secundário.
Em Same, Catarina Furtado e a sua equipa conhecem ainda o professor timorense Domingos, 65 anos, que leciona português há mais de 16. É com humildade que volta a sentar-se numa cadeira de escola, como formando do projeto Formar Mais.
É também junto de vários professores timorenses que a equipa testemunha a importância da língua portuguesa para a História do país e da sua independência.
Já junto dos mais novos, sente-se a vontade de aprender a língua portuguesa para poder conhecer Portugal e outros mundos.
Em todos os episódios do programa Príncipes do Nada são abordados alguns dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que devem ser implementados até 2030 (agenda da ONU) e que dizem respeito aos países desenvolvidos e aos países em desenvolvimento.
Neste episódio, debruçamo-nos sobre o ODS 4 (educação de qualidade), o ODS 5 (igualdade de género), o ODS 10 (reduzir as desigualdades) e o ODS 16 (paz, justiça e instituições eficazes).
MAIS INFOPríncipes do Nada
Príncipes do Nada pretende promover a cidadania e os Direitos Humanos
Esta nova série dos Príncipes do Nada será gravada na Guiné, Turquia, Timor, Camboja, Brasil, Guatemala, Angola, Portugal e São Tomé e Príncipe. Formato televisivo português emitido pela RTP, criado em coautoria entre a Embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Catarina Furtado, e o realizador Ricardo Freitas. Reportando as histórias e as experiências dos que, em contextos adversos, lutam pela melhoria das condições de vida das populações mais desfavorecidas, o programa Príncipes do Nada pretende promover a cidadania e os Direitos Humanos. O programa abrange temas tão urgentes como a excisão feminina, os sistemas de saúde deficitários, o trabalho infantil, a fome, o acesso à educação, a desigualdade de género, as crises humanitárias e a sobreexploração de recursos naturais. Em Portugal, Príncipes do Nada também tem acompanhado o trabalho inspirador de várias organizações, associações e voluntários que tentam melhorar as condições de vida dos mais vulneráveis, como é o caso dos idosos deixados à solidão ou dos refugiados que arriscam a sua vida fugindo de zonas de conflito. Em cada episódio, mergulhamos em realidades dramáticas através de exemplos de esperança, que mostram como o valor da vida pode e deve ser sempre a prioridade. Príncipes do Nada foi distinguido como o melhor programa de televisão em 2010 pela Associação Portuguesa de Telespetadores. O projeto estende-se ainda ao universo online, através da produção de conteúdos específicos para o seu website e página de Facebook.