São Tomé e Príncipe: com mais de metade da população a viver abaixo da linha de pobreza e muitas comunidades com dificuldades de acesso à Saúde e à Educação, é muito frequente raparigas santomenses de 14, 15 e 16 anos engravidarem. Deixam de ir à escola assim que a barriga se faz notar, ficam dependentes dos companheiros e, em pouco tempo, tornam-se mães de 4 e 5 filhos, com graves dificuldades de subsistência. Resgatar as mulheres deste ciclo, empoderá-las e prevenir que as adolescentes de hoje sigam esse modelo são algumas das prioridades diárias do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP). Acompanhamos nesta emissão a equipa comandada pelo médico santomense José Manuel Carvalho. Conhecemos, na capital São Tomé, uma escola gerida por freiras que dá oportunidade a raparigas e mulheres de estudar, mesmo que estejam grávidas ou que vivam situações familiares complicadas ou, ainda, que já tenham ultrapassado a idade escolar. Seguimos depois para o distrito de Caué onde visitamos o centro de saúde de Angolares. Perdemos a conta aos casos de mulheres que se tornaram mães antes dos 18 anos. O planeamento familiar não é bem visto por muitos homens. Paula tem três filhos e foi brutalmente espancada pelo marido por fazer contraceção. Atenta à importância da informação na educação de rapazes e raparigas, a enfermeira Beth trabalha há muitos anos na sensibilização de adolescentes. Na Escola Secundária de Angolares, Catarina Furtado partilha a sua experiência e ouve as opiniões de vários alunos e alunas.
A próxima paragem é a Guiné-Bissau, onde a taxa de mortalidade em crianças até aos 4 anos está entre as piores do mundo: 55 mortes por cada 1000 nascimentos. A mortalidade materna traduz também números gritantes já que, no geral, os partos não têm a devida assistência. O projeto Tabanka Ku Saudi, da organização não governamental VIDA - Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano -, é apoiado pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua e atua há mais de 20 anos na Guiné, onde reforça o sistema de saúde. O principal objetivo é reduzir as taxas de mortalidade materno-infantil, que está a ser cumprido com a ajuda dos mais de 700 agentes de saúde comunitária formados pela VIDA. Ragildo Nanque é um deles; tem 28 anos e vive na aldeia de Quissete, região de Biombo. Ragildo visita diariamente cinco famílias para promover, por exemplo, a amamentação exclusiva ou a utilização de latrinas. A Guiné-Bissau defronta-se também com a questão da vacinação e má nutrição nas crianças, que o projeto "Estratégia Avançada" tenta combater.
Em todos os episódios de Príncipes do Nada abordamos alguns dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que devem ser implementados até 2030 (agenda da ONU) e que dizem respeito aos países desenvolvidos e aos países em desenvolvimento. Neste episódio debruçamo-nos sobre o ODS 4 (educação de qualidade), o ODS 5 (igualdade de género), o ODS 3 (saúde de qualidade) e o ODS 6 (água potável e saneamento).
MAIS INFOPríncipes do Nada
Príncipes do Nada pretende promover a cidadania e os Direitos Humanos
Esta nova série dos Príncipes do Nada será gravada na Guiné, Turquia, Timor, Camboja, Brasil, Guatemala, Angola, Portugal e São Tomé e Príncipe. Formato televisivo português emitido pela RTP, criado em coautoria entre a Embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Catarina Furtado, e o realizador Ricardo Freitas. Reportando as histórias e as experiências dos que, em contextos adversos, lutam pela melhoria das condições de vida das populações mais desfavorecidas, o programa Príncipes do Nada pretende promover a cidadania e os Direitos Humanos. O programa abrange temas tão urgentes como a excisão feminina, os sistemas de saúde deficitários, o trabalho infantil, a fome, o acesso à educação, a desigualdade de género, as crises humanitárias e a sobreexploração de recursos naturais. Em Portugal, Príncipes do Nada também tem acompanhado o trabalho inspirador de várias organizações, associações e voluntários que tentam melhorar as condições de vida dos mais vulneráveis, como é o caso dos idosos deixados à solidão ou dos refugiados que arriscam a sua vida fugindo de zonas de conflito. Em cada episódio, mergulhamos em realidades dramáticas através de exemplos de esperança, que mostram como o valor da vida pode e deve ser sempre a prioridade. Príncipes do Nada foi distinguido como o melhor programa de televisão em 2010 pela Associação Portuguesa de Telespetadores. O projeto estende-se ainda ao universo online, através da produção de conteúdos específicos para o seu website e página de Facebook.