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Erupção Submarina da Serreta|17 dez. 2024
Assinalam-se 26 anos do início da última erupção vulcânica ocorrida nos Açores - a erupção submarina da Serreta.
No dia 18 de dezembro de 1998, pescadores avistaram emanações gasosas no mar, a cerca de 10 km da freguesia da Serreta, na ilha Terceira. Quatro dias depois, foi confirmada a erupção vulcânica submarina a mais de 300 metros de profundidade, caracterizada pela emissão de gases, colunas de vapor de água, cinzas e balões de lava flutuantes.
A originalidade desta erupção reside precisamente nestes balões de lava: rochas sólidas no exterior, mas com o interior carregado de lava fluida e numerosos gases. Estas características únicas faziam com que os balões tendessem a ascender, causando a expansão dos gases. Após alguns minutos a flutuar à superfície, acabavam por afundar.
A erupção foi precedida por um ligeiro incremento da atividade sísmica a partir de 23 de novembro, atribuído à fase de fraturação e injeção de magma no sistema vulcânico submarino, que se estende a oeste da ilha Terceira.
O reduzido número de sismos registados ao longo de toda a erupção, bem como a sua baixa magnitude, resultou da ascensão de um líquido magmático muito fluido através de um sistema de fraturas preexistente e bem definido.
Desde o seu início, a erupção apresentou períodos variáveis, alternando com momentos sem manifestações superficiais. A última observação de atividade ocorreu no verão de 2001.
Um estudo recente, realizado em colaboração com investigadores do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) e do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR), identificou o centro emissor da erupção submarina da Serreta. Para além dos balões de lava basálticos - reconhecidos internacionalmente como um novo produto eruptivo - e das cinzas vulcânicas observadas em suspensão à superfície, esta erupção produziu um volume significativo de materiais escoriáceos que cobrem o fundo marinho em torno dos cones vulcânicos.
Segundo os autores do estudo, esta erupção correspondeu a uma erupção estromboliana submarina de profundidade intermédia, na qual se formaram dois cones de escórias, semelhantes aos que pontuam as paisagens açorianas.
Importa recordar que em 1867, no extremo ocidental da ilha Terceira, nasceu no mar, ao largo das freguesias da Serreta e do Raminho, um vulcão que ficou na história da vulcanologia mundial pelas análises pioneiras dos seus gases. A 31 de maio desse ano, no início da erupção, as populações locais recorreram à fé para tentar conter as forças da natureza. Dessa época, permanece até hoje a Procissão dos Abalos.