Ainda antes de o mundo começar a travar liberdades fundamentais em nome da pandemia da COVID-19, já havia, oficialmente, mais autocracias do que democracias no planeta. A incerteza quanto ao futuro parece refletir-se no rosto de João Reis, o anfitrião da série. Diante de si, na praça central de Varsóvia, caminham dezenas de milhares de manifestantes na marcha anual do Dia da Independência, organizada pela extrema direita polaca, com o apoio do governo de direita populista. Os sinais de tensão são evidentes e, em pouco tempo, dezenas de petardos começam a rebentar. Carga policial, gritos, correrias, afrontamentos e uma espécie de caos que se instala. Em 2020, a Polónia parecia ser um laboratório vivo daquilo que acontece quando se normalizam instintos, discursos e atitudes liberais e antidemocráticas, tão presentes em vários cantos do mundo e cada vez mais presentes no mundo ocidental. Como salvaguardar a democracia na era da pós-verdade alimentada pelo poder das redes sociais e das fake news? Como conter o crescimento dos movimentos populistas e nacionalistas que minam os valores da igualdade e do respeito pelos direitos humanos? Qual a responsabilidade das gerações atuais na vida das gerações futuras? Como se pode cumprir o contrato e a justiça intergeracional? Em protesto contra a marcha nacionalista, João Reis descobre as Polish Grannies, um grupo de avós ativistas com um passado de resistência ao domínio soviético na Polónia. Hoje lutam contra a penalização do aborto, contra a intolerância religiosa do governo nacionalista. E deixam-nos uma lição de vida: a Liberdade democrática não é um dado adquirido