Bach, Pai e Filho: Magnificat x2
Orquestra Metropolitana de Lisboa com Coro Voces Caelestes29 abr. 2020
O texto do cântico Magnificat provém do Evangelho Segundo São Lucas e é um dos mais importantes da liturgia cristã. É entoado por Virgem Maria, que clama louvor a Deus diante de sua prima Isabel, depois de o Arcanjo Gabriel revelar que esta se encontra grávida daquele que ficará conhecido como João Baptista. Na tradição luterana do século XVIII, era costume a congregação cantar em língua alemã. Porém, em ocasiões solenes, o coro e os solistas cantavam, por vezes, em latim. Assim aconteceu quando Johann Sebastian Bach compôs esta obra, por ocasião do primeiro Natal que passou ao serviço das igrejas de Leipzig. Originalmente escrita na tonalidade de Mi Bemol Maior, a partitura incluía algumas partes que foram eliminadas na década seguinte pelo próprio compositor, de maneira a adaptá-la a todas as alturas do ano. Transpô-la, ainda, para a tonalidade de Ré Maior, de maneira a acomodar o registo brilhante das trompetes. Em 1723, Carl Philipp Emanuel, seu segundo filho e aquele que veio a ter maior sucesso enquanto compositor, contava apenas nove anos de idade. Decerto, não terá ficado indiferente diante do esplendor daquela primeira celebração. Vinte e seis anos mais tarde, já em Berlim e ao serviço da corte de Frederico O Grande, compôs o seu próprio Magnificat. Eventualmente, o pai terá tido a oportunidade de o escutar na Igreja de São Tomé, em Leipzig, poucos meses antes de enfrentar a morte.