Figura consensual no universo musical português, Celeste Rodrigues é uma referência para distintas gerações de artistas. Majestosa, a sua voz nonagenária habituou-se a viver para o fado e fez do fado a sua casa.
Cantava desde sempre e cantou até ao fim. No seu fado habita, ainda hoje, Lisboa inteira, da luz mais ardente ou do breu da noite. Ali se inscrevem sonhos e memórias, amores e desamores, partidas e saudades, Lisboa inteira em verso, enquanto o Tejo dorme e o fado desponta, madrugada dentro. O fado foi, é, a sua casa. Uma casa plena de afetos, de vida e de arte.
Com um percurso profissional que perpassa sete décadas, Celeste Rodrigues cantou regularmente nas melhores casas de fado de Lisboa, sendo das primeiras fadistas a consagrar-se internacionalmente, em palcos como o Concertgebouw em Amesterdão, o Carnegie Hall em Nova Iorque ou a Cité de la Music em Paris. Profundamente acarinhada pelos seus pares, Celeste Rodrigues conheceu várias homenagens em vida, no Museu do Fado, no Teatro São Luiz ou no Teatro Tivoli, entre muitos outros tributos que a comunidade artística e o público lhe dirigiram. Em 2012 foi agraciada pelo Presidente da República com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, e a cidade que mais cantou, Lisboa, atribuiu-lhe a Medalha de Ouro.
Fadistas:
Ana Sofia Varela, Camané, Duarte, Fábia Rebordão, Helder Moutinho, Jorge Fernando, Katia Guerreiro, Mísia, Pedro Moutinho, Ricardo Ribeiro, Sara Correia, Teresinha Landeiro
Músicos:
Pedro de Castro e Gaspar Varela (guitarra portuguesa), André Ramos (viola de fado), Francisco Gaspar (viola baixo)
Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, Lisboa, 21 de março de 2019