A 2 de abril de 1976 é aprovada a Constituição da República Portuguesa que consagra a Madeira e os Açores como Regiões Autónomas dotadas de Estatutos próprios. Almeida Santos, socialista e legislador, é o autor do Estatuto provisório da Madeira.
Dado o primeiro passo na Assembleia Constituinte, Alberto João Jardim elabora a lista do PPD Madeira candidata às eleições para a Assembleia da República. Sugere o nome de António Loja, que tinha sido Governador da Junta Geral, como candidato independente para encabeçar a lista. A proposta gera polémica e uma divergência com António Aragão, um dos fundadores do PPD-Madeira, que por causa das listas acaba por se afastar do partido.
A 27 de junho realizam-se as primeiras eleições regionais para a Assembleia Legislativa da Madeira. É a primeira maioria absoluta do partido liderado por Alberto João Jardim. O PPD arrecada quase 60_ dos votos e conquista 29 dos 41 lugares no parlamento madeirense.
Alberto João Jardim assume a liderança parlamentar da maioria e no primeiro dia de trabalhos é confrontado com um pedido de inquérito da UDP. Paulo Martins queria clarificar o passado de Alberto João Jardim e saber ainda se na Assembleia Legislativa da Madeira havia ex-membros da Ação Nacional Popular, a organização política portuguesa do período do Estado Novo. O pedido de inquérito foi chumbado mas Jardim requer à mesa do parlamento que averigúe junto das entidades do Estado competentes se havia qualquer ligação dele com instituições do Estado Novo. A resposta veio mais tarde a dizer que Alberto João Jardim nunca tinha pertencido a instituições do regime Salazarista.
Em junho de 1977 o Presidente da República, Ramalho Eanes, vem à Madeira. A FLAMA, Frente de Libertação da Madeira, marca uma manifestação para a avenida Arriaga, junto ao café Golden Gate, e é confrontada com as forças de esquerda. Ramalho Eanes manda deter alguns jovens "flamistas"e os ânimos acalmam-se. Jardim que tinha estado a assistir a tudo a partir do café deixa o local fazendo o "vê" de vitória. O tom provocatório gera uma perseguição ao líder madeirense, que é agredido logo à entrada da viatura que o havia de transportar até casa.
Apesar de conhecer os dirigentes da FLAMA, Alberto João Jardim está na mira da organização separatista que ameaça colocar uma bomba na própria residência do líder madeirense.
Em Julho de 1977 chega ao fim o primeiro grande debate que aprova o Decreto Regional que dita o fim da Colonia na Madeira. Grande parte da legislação é produzida por Alberto João Jardim que é elogiado à esquerda e criticada pela direita, mais defensora dos grandes proprietários. O dirigente madeirense afirma que é por causa desta legislação que nunca foi possível ao PSD fazer uma aliança com o CDS na Madeira.
Jardim ganha popularidade que é confirmada no primeiro congresso do PPD-Madeira.
Animados com o discurso e pela postura do líder regional, os dirigentes sociais democratas indicam o nome de Jardim para a presidência do governo regional da Madeira. A decisão de substituir Ornelas Camacho, então presidente do governo regional, é crítica por António Loja, deputado independente na Assembleia da República. Ramalho Eanes também não gostou da ideia mas nada podia fazer perante uma Constituição muito limitativa dos poderes do Presidente da República.
Alberto João Jardim deixa a liderança parlamentar do PPD Madeira e assume a presidência do governo regional da Madeira a 17 de março de 1978.
MAIS INFOAlberto João Jardim - 37 Anos de Poder
Documentário sobre o percurso de Alberto João Gonçalves Cardoso Jardim, político português que esteve mais tempo na presidência de um Governo e que transformou a Ilha da Madeira entre 1978 e 2015. Em 13.514 dias fez 4.850 inaugurações, trabalho que o próprio classifica de revolução tranquila. Uma narrativa que é transversal à história da autonomia do Arquipélago Madeirense após o 25 de abril de 1974. Alberto João Jardim é considerado pelos companheiros do partido e pelos opositores como polémico, reivindicativo e figura incontornável da vida política portuguesa que mais obra concretizou.