O quarto episódio da série "Mulheres na Resistência" intitulado "Glória Marreiros" é baseado numa conversa/entrevista realizada em 2019 por Manuela Cruzeiro.
Sobre ela diria Helena Pato; "Glória Marreiros é uma mulher invulgar, uma antifascista militante, desde a sua juventude. A diversidade de assuntos que aprofunda, as iniciativas de valorização pessoal que leva a cabo, as ações cívicas e políticas em que se envolve, a tenacidade com que enfrenta todas as adversidades que a vida lhe coloca, mostram bem a fibra desta cidadã".
Ainda que diplomada como parteira pela Faculdade de Medicina de Coimbra e colaboradora do Dr. Pedro Monjardino, nos primórdios do método do "parto sem dor", é pela escrita que desenvolve grande parte da sua obra. Tendo começado a escrever com 13 anos, então para o jornal "Gazeta do Sul", não mais parou, tendo escrito e publicado numerosos livros de diversos géneros, desde contos e ensaios a temáticas relacionadas com o seu estudo e experiência profissionais.
Desde muito cedo ativista na oposição à ditadura, participa na campanha de Humberto Delgado em 1958, tendo então aderido ao Partido Comunista, com quem já colaborava, cedendo a sua casa para encontros e apoio clandestinos.
Foi uma das fundadoras do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e candidata pela Comissão Democrática Eleitoral (CDE) por Lisboa, em 1969.
Por diversas vezes detida/interrogada pela PIDE, no decurso da sua atividade política, viu o seu marido Henrique Pereira da Cunha ser preso (tendo sido barbaramente torturado nas masmorras do regime), e integra desde a sua génese, a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos.
A sua eclética formação leva-a, ainda que tardiamente a licenciar-se em filosofia e a pós-graduar-se em museologia social.
MAIS INFOGlória Marreiros Minissérie de 4 episódios de Edgar Feldman e Paulo Guerra que retrata a estória de vida de quatro mulheres, todas elas com um papel de relevo no movimento de resistência ao fascismo português
A história da resistência ao Estado Novo em Portugal nunca estará totalmente contada. Existiram uma multiplicidade de acontecimentos, de estórias individuais, pequenas/grandes lutas que o tempo se encarregou de ir apagando sem que os seus protagonistas tivessem deixado qualquer testemunho. De entre os acontecimentos esquecidos, grande parte estão ligados aos milhares de mulheres que, com a sua participação ativa, persistente e corajosa, deram um contributo decisivo para que a noite negra que o nosso país viveu chegasse finalmente ao fim depois de quase cinco décadas.