O terceiro episódio da série "Mulheres na Resistência" intitulado "Maria Eugénia Varela Gomes" é baseado numa conversa/entrevista realizada em 2000 por Manuela Cruzeiro, e descreve na primeira pessoa, a sua vida de luta, prisão e participação em diversas iniciativas da oposição democrática a Salazar.
Nascida numa família de tradição militar, cedo se indigna com as condições económicas e sociais impostas à população pelo regime então vigente. É no meio dos mais desfavorecidos que trabalha, como assistente social, nos primeiros anos da sua vida profissional.
Em 1951 casa com o, então, tenente João Varela Gomes, com quem comparte cumplicidades, nomeadamente conspirativas, para o resto da sua vida.
Em 1958 participa ativamente na campanha do general Humberto Delgado e em 1961 na campanha para a eleição da Assembleia Nacional, em que o João Varela Gomes é candidato pela oposição democrática.
Colabora no conhecido golpe de Beja, no início de 62, liderado na sua execução pelo seu marido (ferido gravemente durante a operação militar)e é raptada e presa pela PIDE, pelo alegado envolvimento no golpe. Submetida à tortura do sono sairá em liberdade apenas ano e meio depois.
Após a sua libertação liga-se imediatamente à Frente Patriótica de Libertação Nacional e, depois, à Amnistia Internacional. É fundadora, entre outros, da Comissão Nacional de Socorro aos presos Políticos e colabora entusiasticamente com a Comissão Democrática Eleitoral (CDE) nas eleições de 1969 e 1973.
Durante os dias 25 e 26 de abril de 1974 desenvolve, com outros democratas antifascistas, nomeadamente advogados, uma intensa pressão para a libertação de todos os presos políticos. Dirá então que o 25 de abril só se consumou com a conseguida libertação de todos estes detidos do regime então derrubado.
MAIS INFOEugénia Varela Gomes Minissérie de 4 episódios de Edgar Feldman e Paulo Guerra que retrata a estória de vida de quatro mulheres, todas elas com um papel de relevo no movimento de resistência ao fascismo português
A história da resistência ao Estado Novo em Portugal nunca estará totalmente contada. Existiram uma multiplicidade de acontecimentos, de estórias individuais, pequenas/grandes lutas que o tempo se encarregou de ir apagando sem que os seus protagonistas tivessem deixado qualquer testemunho. De entre os acontecimentos esquecidos, grande parte estão ligados aos milhares de mulheres que, com a sua participação ativa, persistente e corajosa, deram um contributo decisivo para que a noite negra que o nosso país viveu chegasse finalmente ao fim depois de quase cinco décadas.