É o português mais famoso de sempre e os séculos que separam o mundo em que viveu daquele que hoje lhe presta reverência apenas contribuíram para alimentar o culto. Doutor da Igreja, sábio orador e autor de inúmeros Sermões, que compõem um legado inestimável, Santo António ganhou uma importância muito distinta daquela que o seu trabalho de pregador faria prever. Abraçado pelo povo e disperso pelo mundo, é hoje o santo casamenteiro, aquele que se invoca quando se perde alguma coisa e padroeiro (emprestado, porque não oficial) da cidade de Lisboa.
Representado em quase todas as igrejas do mundo, de Lisboa ao Bangladesh, a sua celebração (a 13 de Junho) é a porta de entrada para as festas populares de Verão, com quadras e bailaricos em cada esquina.
MAIS INFOUma das maiores provas da santidade, do seguimento do exemplo de Cristo, é a caridade e poucos foram tão identificados com este conceito como São João de Deus. O seu nome fica para a história como fundador da Ordem dos Irmãos Hospitaleiros, uma instituição vocacionada para o tratamento e acompanhamento dos doentes mentais. Ainda hoje, esta franja muito sensível e marginalizada da sociedade - os loucos - descobrem nas casas de saúde da ordem os cuidados que muitos lhes negam. Segundo os últimos dados, 60% dos doentes mentais do nosso país estão ao cuidado dos Irmãos Hospitaleiros.
Mas a vida de João Cidade, o futuro São João de Deus, foi muito atribulada e só nos seus últimos anos é que a sua obra maior viria a criar raízes. Pastor, livreiro, e soldado mercenário, os seus passos foram marcados pelo sangue e pela errância. Até que ouviu um sermão e tudo se transformou. Em plena rua teve uma epifania, gritou, mutilou-se, comportou-se como louco e foi internado. A passagem por um asilo, em que sentiu na pele o tratamento de choque dado aos loucos da sociedade, e a nova fé descoberta em Cristo levaram-no à caridade. Os loucos tinham agora alguém caridoso, preocupado e atento com as suas sensibilidades. E o trabalho continua..