FELLINI-SATYRICON

Mestre Fellini a reinventar o Mundo greco-romano numa fantasia extravagante e surpreendente.
Encolpio, um estudante que todos os dias vive novas experiências, arranca Gitone ao seu rival Ascilto e leva-o a um bordel onde se perde dele. Mais tarde, Encolpio visita uma galeria de pintura, encontra o poeta Eumolpo e juntos assistem a uma alucinante orgia na casa de um rico libertador de escravos, que acaba por expulsar o poeta devido às suas contundentes críticas. Na manhã seguinte Encolpio vai parar às galés de Lica, um mercador neurótico, e descobre que Gitone e Ascilto também lá se encontram. Uma espécie de casamento é arranjado entre Encolpio e Lica mas após a morte de César o barco é assaltado e Lica é morto. Os três homens conseguem fugir e acabam por viver várias e incríveis aventuras com uma ninfomaníaca, com um semi-deus hermafrodita, com o Minotauro e com uma feiticeira. Ascilto e Gitone morrem pelo caminho e Encolpio embarca sozinho rumo a novas aventuras.
¿Satyricon¿, a obra mais importante do escritor romano Gaio Petrónio falecido no ano de 66, é uma paródia aos romances gregos de aventuras amorosas, inspirado nas fábulas milésias e nas sátiras menipeias, de que se conservam apenas fragmentos dos livros 15 e 16. Mesmo assim, Fellini e os seus argumentistas conseguiram criar uma incrível fantasia em tom de sátira delirante e fantástica sobre a trajectória, particularmente acidentada de três romanos num Mundo que é muito mais dos domínios do imaginário felliniano que da reconstituição histórica. Segundo Fellini, trata-se de ¿uma viagem dos domínios da Ficção Científica por um passado desconhecido¿, por associação a uma obra de Ficção Científica de Fredric Brown, que Fellini gostaria de ter adaptado pelo seu carácter absurdo e bizarro. ¿Fellini-Satyricon¿ é, assim, uma extravagante e pituresca sátira em atmosfera de alucinação histórica onde Roma, Grécia, as pinturas de Bosch, a morte gratuita, o sado-masoquismo, a prostituição, a exploração, a violência urbana, a homossexualidade, o sexo inconsequente ou a ausência de valores morais e religiosos se fundem num universo sem paralelo, tempo ou referentes precisos. Um filme absolutamente surpreendente nas suas imagens e na sua lógica, que mestre Fellini constrói como um hino de excessos e fantasias.
Ficha Técnica
- Título Original
- FELLINI SATYRICON
- Intérpretes
- Martin Potter, Hiram Keller, Max Born, Salvo Randone, Alain Cuny, Magali Noel, Capucine, Lucia Bosé, Tanya Lopert.
- Realização
- Federico Fellini
- Produção
- Alberto Grimaldi
- Autoria
- F. Fellini, B. Zapponie e B. Rondi
- Música
- Nino Rota
- Ano
- 1970
- Duração
- 125m (cor) minutos