"Um Adeus Português" de João Botelho é um olhar amargo e sentido sobre os relacionamentos após a Guerra Colonial durante os anos 80
África Portuguesa, 1973. Nos últimos tempos da Guerra Colonial um pequeno grupo de soldados avança no mato. Um soldado morre vítima do rebentamento de uma mina. Em Lisboa, doze anos depois, Raul e Piedade, pequenos agricultores do Minho, visitam Alexandre, o filho mais novo, e Laura, a viúva do filho mais velho que morreu em África na guerra. A família volta a estar junta, mas nunca será o que foi. Há uma pequena dor, serena e amarga, que o tempo não esbateu. Raul e Piedade regressam à terra. Alexandre e Laura não têm lugar para regressar. Nem para esquecer.
"Um Adeus Português", de 1985, é a segunda longa-metragem de João Botelho, o autor do sofisticado "Conversa Acabada", que confirma plenamente o seu particular domínio estético, artistico e narrativo num filme de uma notável coesão.
Olhar amargo e sentido sobre um conjunto de personagens que, entre a Guerra Colonial e uma Lisboa desencantada em meados dos anos oitenta, tenta encontrar os vínculos familiares e emocionais, perdidos no tempo, na memória e na tristeza.
"Um Adeus Português" é pois um filme tocante, surpreendente e profundamente português que soube reflectir, admiravelmente, sobre uma memória tão incómoda de forma tão sensível.