Relação Fiel e Verdadeira

Baseado na autobiografia de Antónia Margarida Castelo Branco, onde os tradicionais papéis do homem e da mulher são vividos com extrema violência

A jovem Antónia Margarida Castelo Branco é dada em casamento a Brás Telles de Meneses, em nome de obscuros interesses entre famílias da aristocracia rural do norte de Portugal. Brás é um homem arruinado e boémio de caráter violento e perdulário, a quem a fortuna de Antónia vai valer para resolver muitos problemas. Porém, a perca da sua fortuna é apenas o primeiro dos muitos sacrifícios de Antónia, que se vai deixar fascinar de forma obsessiva por um marido que a humilha e maltrata. A crueldade de Brás cresce ao ponto de causar a morte a um filho recém-nascido, a quem recusa auxílio médico, mas nem assim Antónia deixa de acompanhar o marido até aos limites do sofrimento.

A obra de estreia na longa metragem de Margarida Gil, ´Relação Fiel e Verdadeira´, parte de um argumento adaptado ao tempo presente de um relato do século XVII. Um olhar sobre os tradicionais papéis do homem e da mulher no anacronismo de uma relação matrimonial de extrema violência, que é um crescendo demencial de humilhações, sofrimentos e crueldades e também de obstinada e mórbida entrega de uma mulher a um homem. Uma perturbadora reflexão sobre as relações de afeto dominadas pelo poder de domínio e submissão, que é no limite um belo retrato de mulher, tema incontornável na obra de Margarida Gil. Destaque para as presenças de Catarina Alves, António Sequeira Lopes e Laura Soveral nos principais papéis.