A incrível e épica aventura do ativismo na viragem do século XX

O documentário de Rokhaya Diallo e David Rybojad mergulha na incrível e épica aventura do ativismo que teve lugar na América do Norte na viragem do século XX. Uma forma de destacar um período crucial da era contemporânea dos Estados Unidos e também de recordar e devolver dignidade a ativistas que possam ter sido esquecidos. Sublinhando o esforço e o mérito destes heróis da história contemporânea, que se empenharam ao serviço de uma causa comum, questionamos indiretamente a nossa (in)capacidade de unir forças contra várias formas de opressão.
Desde o início do século XX, graças ao forte empenho de ativistas, os Estados Unidos têm levantado questões importantes. A luta pela emancipação do povo afro-americano está enraizada no passado do país, mas também na nossa memória coletiva. O icónico "I have a dream" de Martin Luther King, no final da Marcha sobre Washington, a 28 de agosto de 1963, ainda ecoa nas nossas mentes. Mas, além das frases e dos momentos simbólicos, não sabemos muito sobre os bastidores que permitiram a existência destas ações e demonstrações de solidariedade. Se faz sentido contar as histórias de luta contra a opressão através do prisma daqueles que são os primeiros envolvidos, também faz sentido aumentar a consciência sobre as alianças que alimentaram esta conquista da igualdade. Desde as ações judiciais da NAACP (Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor), criada em 1909, ao Café Society, inaugurado em 1938 e descrito pelo seu proprietário como "o lugar certo para as pessoas erradas", dos Freedom Riders às marchas pacíficas de Selma e ao diálogo inter-religioso entre rabinos e pastores, de Billie Holiday e a sua famosa canção "Strange Fruit" até ao coração das universidades para negros no sul dos EUA que acolheram professores judeus que fugiram da Alemanha nazi, e a figuras como o líder negro norte-americano W.E.B. Dubois, que visitou o gueto de Varsóvia e denunciou a desumanidade que ali acontecia, os afro-americanos e os judeus uniram-se muitas vezes para defender o direito à igualdade numa América violenta e compartimentada. Se os povos afro-americanos e judeus tiveram uma relação complexa e ambivalente nos Estados Unidos, também mostraram que a unidade contra a adversidade é possível. Muitos membros destas comunidades compreenderam que combater a segregação ou o anti-semitismo era combater o mesmo mal. Juntos mostraram a força da solidariedade, da empatia e, em última análise, da amizade.