O Fim do Mundo

Filme premiado no Festival IndieLisboa do cineasta luso-suíço Basil da Cunha ("Até Ver a Luz"), um retrato da juventude do bairro da Reboleira

Depois de passar oito anos num centro de detenção juvenil, o jovem Spira, de 18 anos de idade, regressa à sua casa na Reboleira, um bairro de lata que está a ser destruído nos arredores de Lisboa. Aí, reencontra a família, a casa, os amigos de infância, as festas e os esquemas para ganhar a vida.
Entretanto, já homem, é com outros olhos que observa a terra onde cresceu. Há muita coisa que continua igual. Os amigos, Chandi e Giovani, acolhem-no e pretendem reintegrá-lo nos seus pequenos negócios. As paródias e os mexericos continuam a marcar o ritmo nos habitantes do bairro. Mas nada é imutável, e mesmo a Reboleira não está a salvo de mudanças. Os homens foram trabalhar para a Alemanha ou para o Luxemburgo, deixando a família para trás. As raparigas tornaram-se mulheres, como a bela Iara, por quem Spira se apaixona. O próprio Giovani sonha marcar posição na hierarquia dos dealers. E tudo isso, antes que, por decretos municipais, as retroescavadoras acabem de destruir o bairro. "Aqui não há miséria, só há dificuldades", é o que se diz na Reboleira. Mas para Spira, a principal dificuldade chama-se Kikas, o velho traficante do bairro que parece decidido a fazer-lhe perceber que não é bem-vindo.