Ep. 1 21 Mar 2022
Um documentário de Jacinto Godinho e Carlos Oliveira
Em Maio de 1968 uma revolta de estudantes universitários, em França, espantou o mundo e tornou-se um dos acontecimentos emblemáticos do século XX. À greve académica dos estudantes juntaram-se os trabalhadores que paralisaram a França numa greve geral que pôs o regime democrático francês à beira do colapso.
Mas seis anos antes, em 1962 deu-se em Portugal um acontecimento semelhante. Greve de estudantes, intervenções violentas da polícia de choque, seguidas de manifestações intensas de trabalhadores, em Lisboa e no Porto, e da luta pelas 8 horas dos trabalhadores agrícolas.
O regime de Salazar sofre um profundo abalo, mas quase ninguém soube, nem no país nem no mundo porque praticamente não houve imagens nem notícias na comunicação social.
Quem liderou a contestação foi um jovem estudante de direito chamado Jorge Sampaio. Sampaio era o presidente da RIA (Reunião Interassociações), um organismo semiclandestino que federava todas as associações de estudantes de Lisboa. Sampaio vencera, em 1960, as eleições para a Associação de estudantes de Direito com uma coligação de apoios que iam desde os comunistas às juventudes católicas. A primeira vez que Jorge Sampaio foi presidente de alguma coisa foi com uma coligação que unia toda a esquerda. Repetiu o feito em 89 quando se candidatou à Camara de Lisboa e em 2005 quando foi eleito pela primeira vez presidente da República.