Ao fim de quase 50 anos o portentoso, épico e bíblico filme de Cecil B. de Mille continua a ser um dos mais espantosos filmes de todos os tempos.
Adoptado em criança e em segredo pela princesa Bithiah, o hebreu Moisés torna-se no favorito e natural herdeiro do faraó Sethi, cujo amor pela princesa Nefretiti irrita o poderoso príncipe Ramsés. Moisés é atraiçoado por Datão, que revela o segredo das suas origens e revela que ele se prepara para libertar e conduzir todos os escravos hebreus para fora do Egipto. Moisés é rejeitado pelo faraó e exilado para o deserto, onde é salvo de morte certa por Jethro e pela sua filha Séphora. Mais tarde, no Monte Sinai, Deus ordena a Moisés que regresse ao Egipto e liberte o seu povo. Ramsés, que é agora o faraó, recusa-se a aceitar as exigências de Moisés e despreza as suas ameaças. Uma série de devastadoras pragas abate-se, então, sobre o Egipto e Ramsés é obrigado a libertar os hebreus. Um milagre permite-lhes atravessar o Mar Vermelho ao mesmo tempo que destrói Ramsés e o seu exército, que se tinham lançado em perseguição dos hebreus. De novo no Monte Sinai, Moisés recebe de Deus as Tábuas com os Dez Mandamentos da Lei de Deus, que castiga o seu povo, entretanto regressado à idolatria, obrigando-o a errar durante 40 anos pelo deserto até alcançar a Terra Prometida.
"Os Dez Mandamentos" é, de longe, o mais perfeito e admirável épico bíblico de todos os tempos, que à data da sua estreia, e durante muito tempo, foi ridicularizado como palhaçada histórica ¿made in Hollywood¿. Mas a definição depreciativa de ¿Sangue, Sexo e Bíblia¿ que foi aplicada a este derradeiro e portentoso trabalho de mestre Cecil B. DeMille, não tem hoje qualquer sentido. Na verdade, a obra é, e será sempre, um grande clássico do cinema americano e a expressão suprema de um estilo de fazer cinema que hoje, quase meio século depois, dificilmente encontra equivalente em grandeza e fascínio. A partir desta visão melodramática, épica e grandiosa da história de Moisés, das pragas do Egipto, da libertação dos hebreus do cativeiro, da travessia milagrosa do Mar Vermelho e da errância de quarenta anos pelo deserto, DeMille criou uma obra-prima da História do Cinema, cuja importância não reside na sua veracidade histórica ou mística, mas na sua prodigiosa dramatização, na sua fabulosa riqueza pictórica e, sobretudo, na sua dimensão humanista e universal. Uma super-produção da Era Dourada de Hollywood, orquestrada pelo génio de um dos mais visionários e fascinantes cineastas de sempre, que revolucionou o cinema, os seus códigos, a sua linguagem e a sua dimensão de supremo espectáculo popular.