Filme do cineasta italiano Gianfranco Albano livremente inspirado na história de Felicia Impastato, a primeira mulher na história da Itália a enfrentar a máfia em tribunal
A 9 de maio de 1978, Peppino Impastato é morto pela máfia. A mãe, Felicia, decide fazer o que nenhuma mulher na Sicília, até então, havia feito, denunciar e gritar ao mundo os nomes dos culpados. Com coragem, determinação e uma força inabalável, luta durante mais de vinte anos para que seja feita justiça.
A história de uma mulher que não se rende ao poder desmedido do crime organizado, não desiste, e torna-se numa referência para todos aqueles que lutam pela verdade e pela justiça.
Felicia é casada com Luigi Impastato, vinculado ao clã mafioso Badalamenti. Como muitas outras mulheres, forçadas a respeitar as regras rígidas e inclementes do código da máfia, parece destinada a viver relegada à sombra das figuras masculinas e constrangida a suportar calada. No entanto, a atividade política do filho, Peppino, um ativista e revolucionário determinado a denunciar os poderosos e as violências e horrores da máfia, leva-a tomar partido do filho quando o pai o expulsa de casa. Após a morte do marido, numa vingança disfarçada de acidente, Felicia percebe que os riscos para Peppino são grandes. Alguns meses depois, Peppino é encontrado morto. Em vez de ficar calada, para sua própria segurança e segurança do outro filho, Felicia insurge-se. Contra todas as probabilidades, reúne evidências e testemunhos e entra numa longa e árdua batalha judicial contra os assassinos do filho tornando-se na primeira mulher em Itália constituída parte civil num julgamento contra a Máfia.
Felicia corta relações com os familiares do marido, que a instavam a fugir da justiça, evita os sócios de Peppino, do Centro de Documentação de Palermo, e os jornalistas. Sabe que deve continuar a guerra sozinha, aceitando viver com o medo da morte e isolada da comunidade, resistindo às primeiras derrotas e ao avançar da idade.
A investigação é encerrada e reaberta inúmeras vezes, mas Felicia nunca desiste, tornando-se símbolo de uma guerra universal contra as máfias de todos os lugares, não se deixando sufocar por ameaças e intimidações, vivendo como uma mulher livre e lutando como uma mãe que quer justiça para o filho assassinado. É justamente o seu amor por Peppino, vítima do terrível e sangrento sistema culturalmente enraizado, que lhe rende a estima de muitos juízes, incluindo Rocco Chinnici e Giovanni Falcone.
Depois de vinte e quatro anos de luta, dor e perseverança, as responsabilidades das instituições são finalmente apuradas. Pela primeira vez na história, o Estado pede desculpa. Uma grande vitória, única na história da impunidade italiana, obtida por uma mulher com o quarto ano de escolaridade. Em 2002, Felicia entra por fim na sala onde decorre o julgamento de Tano Badalamenti e, apontando o dedo, acusa-o de "assassino". Com o seu exemplo de lutadora pacífica e tenaz pela justiça e pela verdade, Felicia torna-se um símbolo para todos aqueles que lutam diariamente pela verdade e pela justiça.