Ep. 3 28 Nov 2019
Portugal, 1984. Livre de constrangimentos académicos, Cláudio Torres segue viagem para Mértola, enquanto planeia o derradeiro projeto político: promover o desenvolvimento através da valorização da cultura e do património da vila alentejana. Esta visão integradora é construída ao longo da deambulação de Cláudio pelos países de exílio. De Marrocos, guardou um conhecimento do mundo islâmico, que viria a marcar a sua carreira e a tese disruptiva que defende sobre a dominação árabe da Península Ibérica.
Na Roménia, onde durante uma década fez rádio em português para os exilados e estudou História de Arte, alimentou o sonho de um "socialismo de rosto humano", que viu ser esmagado pelos tanques do Pacto de Varsóvia. Mas apesar da invasão da Checoslováquia ter ditado a rutura com o Partido Comunista, nem por isso determinou a perda de fé nos ideais revolucionários, que se tornaram mais fortes com o regresso a Portugal e a participação ativa no PREC.
Quando Cláudio chega a Mértola cumpre-se, por inteiro. E ao fazê-lo ajuda a cumprir também o território a que dedicou quatro décadas da sua vida, a que chama casa e a que o seu nome ficará ligado para sempre.