Ep. 3 28 Nov 2019
Um documentário com autoria de Ricardo Clara Couto e Nuno Costa Santos sobre a vida do arqueólogo e resistente antifascista Cláudio Torres
A vida do arqueólogo e resistente antifascista Cláudio Torres, fundador do Campo Arqueológico de Mértola. A história de um homem exilado e de convicções inabaláveis, caracterizando o perfil social e político das décadas em que viveu. A história do arqueólogo, trabalhador incansável com uma visão diferente e revolucionária. E por fim, a história de amor que une todos estes aspetos e se consolida no alicerce de todas as aventuras e desventuras: a vida com Manuela Torres, sua companheira de sempre.
Série documental de três episódios, da autoria de Ricardo Clara Couto e Nuno Costa Santos, que revela as diversas vertentes de uma vida cheia e complexa.
Insubmisso, contestatário, frontal, criativo, obstinado e sempre revolucionário, Cláudio Torres foi preso ainda na faculdade pela PIDE, por pertencer ao Partido Comunista Português. Suportou com estoicismo os interrogatórios, a tortura, a prisão, uma fuga mítica num barquinho de recreio e o longo exílio, que o levaria da miséria em Marrocos à constatação, na Roménia de Ceausescu, das contradições políticas, da repressão e do subdesenvolvimento dos países comunistas. Viveu em Paris a euforia do 25 de Abril, que lhe permitiu, enfim, regressar a casa. Em Portugal, mergulhou de cabeça na revolução e teve um papel ativo numa dinâmica de mudança de mentalidades, valores e instituições.
Desiludido com a vida académica e indisponível para comprometer a integridade em prol da carreira, fixou-se em Mértola, terra que adotou como sua. Aqui, durante mais de quatro décadas de trabalho, construiu um impressionante legado.
Partindo da convicção que a cultura deve ser um instrumento de desenvolvimento do território, orquestrou um projeto onde Património, Arte, Tradição, História, Natureza e Investigação Científica se interligam num complexo museológico, capaz de transformar uma terra pobre e esquecida num destino obrigatório para os que admiram a cultura mediterrânica.
Hoje, com 80 anos, Cláudio continua a supervisionar o Campo Arqueológico de Mértola, distinguido com o prestigiado prémio Sísifo pela Universidade de Córdova. Continua a transformar em planos, projetos e obras o sonho que o move desde o início dos tempos. Movido pela convicção de quem sabe que a luta, essa, continua. Sempre!