Ep. 3 28 Nov 2019
Portugal, 1984. Mais do que uma mera viagem para Mértola, a jornada só de ida de Cláudio Torres reflete a capacidade que este adquiriu de largar tudo, sem olhar para trás. E de abraçar o que encontra pela frente, dedicando-se por inteiro a cada novo desafio. Foi assim que, depois de sofrer a tortura, o isolamento e as agruras da prisão, Cláudio recusou combater na Guerra Colonial e tomou o caminho do exílio. Para isso, viveu uma incrível aventura, ao lançar-se ao mar num barquinho rumo a Marrocos, na companhia da mulher grávida e de outros companheiros, alguns dos quais refratários como ele. Sobreviveram a correntes contrárias, a tempestades homéricas e até à implacável perseguição da polícia marítima franquista, que tentou afundar o barco, e entraram sem pedir licença pelo porto de Rabat a dentro. Sem um tostão no bolso, o grupo experimentou a fome e a pobreza, mas rapidamente contou com a solidariedade dos que, tal como eles, lutavam contra a opressão e o colonialismo.
Neste ambiente, a capacidade de liderança e o dinamismo de Cláudio evidenciaram-se e este depressa se viu envolvido em acontecimentos históricos, como a "Operação Vagô" e o Assalto ao Quartel de Beja, tendo privado com figuras como Humberto Delgado e Amílcar Cabral, entre outros destacados antifascistas.