
11 Jun 2019
Documentário com autoria de Margarida Mercês de Mello sobre O brilhantismo e a atualidade das ideias de um político que colocava o Homem acima do Estado
Documentário de Margarida Mercês de Mello que procura mostrar o brilhantismo e a atualidade das ideias políticas de Francisco Lucas Pires nascido a 15 de setembro de 1944 e que morreu depois de ter estado na inauguração da Expo 98, como representante do Parlamento Europeu.
A convite de Freitas do Amaral em 1976 aderiu ao CDS (partido de Centro Direita) e, em finais de 1997, (depois de anos como independente, por desacordo com a dupla Monteiro/Portas, eurocética) inscreveu-se no PSD, "apadrinhado" por Marcelo Rebelo de Sousa.
Mas a sua principal vocação foi a Universidade. Formou-se eme 1966 com 17 valores e concluiu o Curso Complementar de Ciências Político-Económicas com 18 valores. Com apenas 23 anos, foi assistente de Direito Constitucional em Coimbra, a sua cidade natal. Vestia informalmente, não era demasiado intelectual e gostava de desafiar os alunos, conseguindo transformar o Direito em algo de vivo e mesmo irresistível.
O Homem (que colocava acima do Estado), as novas gerações, foram constantemente alvo do seu pensamento e ação política. Na Assembleia da República (1976-1986) destacou-se pelo estilo fulgurante, com linguagem por vezes provocadora e irónica, mas sempre elegante.
A construção da Europa - onde gozava de uma excelente reputação - foi outra das suas paixões. Foi o primeiro português Vice-Presidente do Parlamento Europeu, eleito por unanimidade e reeleito em 1998.
Em Portugal, foi o primeiro político a afirmar-se abertamente de Direita e Liberal, quando tal era perigoso ou, pelo menos, malvisto!
Bateu-se pela revisão da Constituição de 1976 (a fim de retirar a referência no artigo 2º "a caminho do socialismo" e de acabar com o poder do Conselho da Revolução), mas esta "arma secreta da Direita" estudantil em Coimbra (anos 60) mais tarde também se empenhou na conciliação da Direita com o 25 de Abril; não via Esquerda e Direita como "Caim e Abel" e sim como "marido e mulher"!
Otimista nato e bem-humorado, via a vida a cores. A sua barba e o seu aspeto desarranjado não encaixavam na imagem da Direita.
Foi Conselheiro de Estado e, antes (1981-1983), Ministro da Cultura do VIII Governo Constitucional.
Extremamente culto e inteligente, exerceu interesse, e por vezes mesmo fascínio, junto dos Media e da Esquerda. Tinha amigos em todos os quadrantes políticos e classes socias.
Casou em 1973 com a sua aluna do 3º ano Teresa Almeida Garrett e tiveram quatro filhos, entre os quais o escritor Jacinto Lucas Pires.
Vibrava com o Benfica e chegou a escrever artigos para jornais desportivos, a par de inúmeras colaborações na imprensa nacional e estrangeira. Mas a sua escrita versou sobretudo o Direito e a Política. Mário Soares apelidou de "profético" o seu livro póstumo "Amsterdão - Do Mercado à Sociedade Europeia?". E, decorridos 21 anos sobre a sua morte prematura aos 53 anos, embora Portugal, a Europa e mesmo o mundo estejam diferentes, faz ainda mais sentido conhecer a sua obra, com temas tão atuais como as migrações, os refugiados, a segurança.
Testemunhos:
Adolfo Mesquita Nunes, António Gomes de Pinho,
Armindo Marques (motorista pessoal), Francisco Seixas da Costa, Filhos (Jacinto, Rafael, Martinho e Simão), Irmãos (Luís e Maria Adelaide), José Carlos Vieira de Andrade,
Miguel Seabra, Miguel Poiares Maduro, Rogério Rodrigues, Rui Figueiredo Marcos, entre outros.