Pedro Barateiro recorre frequentemente nas suas obras a textos, tanto próprios como apropriados. Um deles, uma citação de Oscar Wilde, pode servir de introdução à sua pesquisa: ?O mistério do mundo é o visível e não o invisível?. Após os seus estudos na ESAD, na Maumaus e na Malmö Art Academy, Barateiro tem vindo a estabelecer um percurso expositivo - onde se destacam a participações nas Bienais de Sidney, Berlim e São Paulo ? marcado por uma indagação em torno do espaço e da imagem. O espaço é antes de mais o espaço da arquitetura mas também o espaço institucional, simbólico e narrativo resultante de um contexto histórico e cultural. A imagem, e de modo particular o arquivo, constituem uma mediação social e ideológica. Imagem e espaço dependem assim de poderes e saberes que determinam o modo como, individual e coletivamente, ocupamos e vemos o mundo. Daí a atenção que Pedro Barateiro dedica a momentos em que essa relação é particularmente evidente, como o modernismo e o colonialismo. Através de processos diversos ? de apropriação, montagem, instalação ? Barateiro procura desconstruir a suposta objetividade dos espaços e das imagens, dos objetos e dos textos, problematizando as estruturas históricas e contextuais que lhe estão subjacentes. Trata-se em suma de atender ao ?mistério do visível? ou seja ao modo como nos é dado percepcionar a realidade.