O 25 de Abril visto por dez artistas de diferentes àreas
Trinta e sete anos passados depois do 25 de Abril de 1974 é hoje possível falar de uma geração de artistas pós-25 de Abril. Não se trata aqui de uma coincidência ou arrumação cronológica. Por vezes, o que define uma geração é a sua indefinição, se entendermos indefinição no sentido do que é heterogéneo e nómada. Heterogéneo porque não existe uma uniformidade formal ou de grupo mas antes uma pluralidade de práticas (pintura, video, fotografia, instalação, etc.) e de problemáticas (identidade, género, relação com os media e com a cultura de massas, cruzamentos ficção/realidade). Nomadismo pela capacidade de cruzar o local e global, de viver, trabalhar e expor, naturalmente, em Portugal e no estrangeiro. Estes 10 documentários sobre 10 artistas - Adriana Molder, Ana Cardoso, Carlos Bunga, Filipa César, Francisco Vidal, Gabriel Abrantes, João Onofre, João Pedro Vale, Pedro Barateiro, Vasco Araújo - levam-nos ao encontro desta geração assim (in)definida dando-nos a conhecer não apenas as obras, o percurso e as problemáticas de cada artista, mas sobretudo o que habitualmente se encontra fechado ao espectador. Por um lado, trata-se de dar voz aos próprios artistas, às suas aspirações e preocupações, mas também àqueles que os rodeiam, amigos, críticos, curadores, galeristas. Por outro lado, procura-se dar a ver o processo criativo, o modo e o momento de elaboração das obras. E porque a arte não constitui um lugar à parte, trata-se de dar ver e a ouvir a forma como estes artistas se inserem no quotidiano e o modo como este se inscreve nos seus trabalhos. Daí que pensar esta geração seja refletir não tanto sobre o país que somos, quase quatro décadas passadas após Abril de 1974, mas sobre o país que podemos vir a ser.
Constituindo um dos melhores exemplos da maturidade cultural da democracia portuguesa a geração de artistas pós-25 de Abril tem como denominador comum a capacidade de pensar o seu lugar na global contemporaneidade.