E se de repente uma banda de heavy metal saísse de dentro de uma caixa negra? Se essa caixa replicasse uma obra icónica da arte minimalista então estaríamos perante um trabalho de João Onofre. Onofre realizou os seus estudos na FBAUL e no Goldsmith College em Londres. Expôs individualmente, pela primeira vez, em Nova Iorque, inciando um dos percursos internacionalmente mais bem sucedidos entre os artistas portugueses da sua geração. O documentário Ver na Escuridão apresenta algumas das suas obras mais marcantes, bem como o seu local e metodologia de trabalho, dando voz ao próprio artista e a diversos especialistas. Ressalta a importância que o vídeo assume na sua obra, bem como o cruzamento deste com uma dimensão performativa, a qual testa frequentemente os limites físicos e/ou emocionais dos intervenientes. Igualmente importante é a apropriação de referências da cultura popular e da erudita, nomeadamente da história de arte moderna e contemporânea, gerando, pelo seu cruzamento, uma lógica de curto-circuito que questiona os códigos de comunicação ao mesmo tempo que cria um forte impacto junto do espectador. A cultura, ou seja o espaço entre os homens, torna-se, neste âmbito, um conceito performativo, entendido como material operatório e reutilizável, perante o qual o receptor não pode ficar passivo.