Entre 2003 e 2004, Carlos Bunga concluiu os estudos na ESAD, ganhou o prémio EDP e teve uma presença destacada na Manifesta 5 de San Sebastian. A partir daí, tendo vivido e exposto em diversos locais da Europa e nos EUA, define-se a si mesmo como um nómada. Embora também efetue trabalhos em vídeo, desenho e fotografia, as suas obras mais marcantes são constituídas por grandes instalações site specific elaboradas predominantemente com cartão prensado, um material pobre, comum, característico da sociedade de consumo. Estas instalações apresentam uma forte relação com o espaço. Antes de mais com o lugar físico onde se situam, dele se apropriando e transformando-o. Mas, de um modo mais profundo, com o contexto histórico e urbanístico onde se inserem. A dimensão espacial, nas propostas de Carlos Bunga, esclarece-se e completa-se numa dimensão temporal. Esta advém quer das ações performativas que o artista por vezes desenvolve, destruindo parcialmente as construções, quer da própria fragilidade associada ao cartão prensado. O tempo, entre a identidade e a ruína, a memória e a transformação, faz com que o seu trabalho constitua não tanto uma pesquisa sobre o lugar mas sobre a impermanência deste. Regressamos assim à questão do nomadismo que o artista coloca no centro da sociedade contemporânea quando afirma, dando o título ao presente documentário, que O mundo é um país.