Coppola impõe o seu espantoso domínio visual num filme belo e comovente que é um espantoso retrato da adolescência à deriva num mundo violento
Em Tulsa, nos anos 60, três adolescentes, Ponyboy, Dallas e Johnny, andam às voltas pela cidade e entram sem pagar num drive-in, onde se confrontam com um grupo de marginais, os Socs, um gang oriundo da zona má da cidade. Um deles conhece Cherry, a namorada do chefe dos Socs, o que acaba por levar os dois grupos a travarem uma violenta batalha campal no meio da noite, que termina com um morto. Ponyboy e Johnny fogem e refugiam-se numa igreja rural abandonada. Os dois ficam entregues a si próprios e às suas mútuas confissões no interior da igreja, até que um incêndio os leva a salvar a vida de uns miúdos. Transformam-se em autênticos heróis mas Johnny morre devido às queimaduras. Entretanto, Ponyboy e Dallas voltam a participar num confronto de gangs, moralizados pelo heróico sacrifício de Johnny.
Os Marginais, que Francis Ford Coppola realizou em 1983, parte da adaptação ao cinema de um romance escrito por uma adolescente de 17 anos, chamada Susan E. Hinton, que desde a sua publicação em 1967 já vendeu milhões de cópias. Trata-se de uma bela, sensível e poética descrição da vida, da atmosfera, das aspirações e dos sonhos de um punhado de adolescentes envolvidos em constantes e violentos confrontos de gangs rivais, numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Coppola recupera e recria, em grande medida, o cinema que fez a reputação de grandes mestres como Nick Ray ou Elia Kazan sobre os dias da juventude. Coppola impõe o seu espantoso domínio visual num filme belo e comovente que é um espantoso retrato da adolescência à deriva num Mundo violento, intolerante e em crise de valores. Tudo isto, magnificamente servido por uma, então nova, geração de interpretes, de Matt Dillon a Tom Cruise, passando por Patrick Swayze, Rob Lowe, Diane Lane ou C. Thomas Howell.