Uma viagem sobre a importância estratégica da língua portuguesa em algumas partes do mundo...
O documentário "Além de Nós" é uma viagem sobre a importância estratégica da língua portuguesa em algumas partes do mundo.
Na Ásia, a língua de Camões é uma raridade linguística. Assim, muitos jovens chineses aprendem o português nas universidades para garantir um emprego bem pago em empresas com negócios em África ou no Brasil. Na universidade de Xangai, os estudantes conseguem ser fluentes ao fim de dois anos, como Leonor que, nunca tendo lido um romance em português, encontra na internet as novelas e as canções em moda em Portugal.
Em Macau, Lao e Inácia acreditam que ainda vale a pena estudar para ser professora de português. A divulgação da língua portuguesa é hoje maior na antiga concessão do que há dez anos, altura em que Macau passou a estar sob soberania da China. Essa valorização da língua está relacionada com a globalização e os interesses económicos da China e de potências emergentes como o Brasil e Angola.
No Brasil, por exemplo, está a ser implementada uma universidade afro-brasileira na pequena cidade de Redenção, segundo um projeto do próprio Lula da Silva. Visa a formação de quadros dos Palop num esforço para fortalecer as relações do Brasil com o resto do mundo lusófono. O Brasil, que nesse universo assume por vezes um papel de vanguarda, concentra na cidade de São Paulo o maior número de falantes de português no mundo, mantendo aberto ao público e com enorme sucesso o único Museu da Língua Portuguesa.
Em Angola, a reconstrução do país passa pelo investimento na educação. As autoridades angolanas não querem perder o vínculo com a língua portuguesa, uma verdadeira língua franca que permite a comunicação entre várias etnias do território. Jovens professores portugueses estão na cidade do Namibe desde Setembro no âmbito do projeto de cooperação "Saber Mais". Inês Monteiro foge ao desemprego em Portugal e descobre pela primeira vez África. Outros vivem numa contínua "cruzada", como o professor de química Pedro dos Santos. Há ainda os que procuram a aventura e desafio, ou a simples experiência do "outro" , de outra cultura, como o professor e escritor Miguel Gullander. Na verdade, procuram todos ir mais além no âmbito desta iniciativa conjunta entre Portugal e Angola em que a língua não é um fim em si mas um meio de cooperação.
Para o comum dos portugueses, "a língua é a continuação do império por outros meios" - refere o ensaísta Miguel Tamen no documentário. Essa, diz é uma visão que tem de mudar pois fora de Portugal a realidade é outra coisa.
O documentário, inteiramente produzido pela RTP foi rodado nos últimos seis meses. A autoria e a realização é de Anabela Saint-Maurice e a produção de Ana Lucas.
Neste projeto a RTP contou com o apoio da Fundação Macau, da televisão de Macau (TDM) e da Televisão Pública de Angola (TPA), entre outros.