Filme-ópera de Manoel de Oliveira, adaptado do conto gótico de Álvaro do Carvalhal
Apaixonada pelo misterioso Visconde d"Aveleda, um fidalgo estranho, rico e refinado, a jovem e bela Margarida desdenha a corte de D. João, que com ela queria casar. Devorado pelo ciúme, D. João profere ameaças de morte aos dois amantes.
No entanto, o drama não surgirá de onde o esperamos. Na noite de núpcias o Visconde revela um terrível segredo. Horrorizada, Margarida atira-se pela janela e o Visconde deita-se ao fogo da grande lareira.
Na manhã seguinte, os pais da noiva, ignorando tudo, comem os restos do visconde "assado" na lareira durante a noite. Quando se dão conta, querem dali fugir desesperados, mas a notícia de uma "fabulosa herança" reconcilia-os com a vida.
É no fundo o regresso à tetralogia dos amores frustrados iniciado com Benilde ou a Virgem Mãe, Amor de Perdição e Francisca que Oliveira aqui faz representar, só que de uma forma diferente.
O filme surgiu por iniciativa de João Paes que escreveu a música da ópera, lançando o desafio a Oliveira para fazer um filme com aquela música, o qual não recusou. Faltava só encontrar uma história para levar em frente aquela ideia e então Oliveira pegou num conto de Álvaro do Carvalhal, Os Canibais, com o qual concretizou o projeto.
Mais uma vez Manoel de Oliveira demonstra os seus dotes de realizador, com uma planificação soberba, quer de imagem, de mise-en-scéne
Estreia de Leonor Silveira, atriz que representa o papel de Margarida. Estreia-se neste filme, vindo a ser atualmente uma das atrizes que mais trabalha com o realizador a par de Luís Miguel Cintra que começou a trabalhar mais cedo com Oliveira e ainda hoje continua participando em quase todos os filmes do cineasta.
Com este filme, Oliveira obteve o Prémio Especial da Crítica - São Paulo 1988. Prémio L`Age d´Or, atribuído pela Cinemateca de Bruxelas no mesmo ano e uma Menção Honrosa da Rádio Difusão Portuguesa, através do canal Antena 1, oferecido em 1989.