Este episódio começa investigando uma misteriosa foto. Em 1931 no mesmo ano em que assume o comando da polícia politica (cargo que mantém ao longo de 26 anos fundando a PVDE e a PIDE) o capitão Agostinho Lourenço aparece numa cerimónia republicana, ao lado de um conhecido maçom, o medico Ramon Nonato La Féria, histórico opositor do regime de Oliveira Salazar. Instala-se a dúvida. Poderia o chefe da repressora polícia política ter sido maçom? Se Lourenço foi maçom, como perceber, que tenha aceitado dirigir, a PVDE em 1933? Instituição que perseguiu, a partir de 1935 sem tréguas, a maçonaria e restantes ordens secretas entretanto ilegalizadas. Poderia um maçom ser fiel a Oliveira Salazar, católico, e conservador?
A 28 de Agosto, de 1933, o Diário do Governo anuncia a formação da PVDE - a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado. Para a oposição a PVDE é uma operação de cosmética para limpar a má fama das anteriores polícias da ditadura. Mas Salazar junta a PDPS e a Policia Internacional Portuguesa numa só policia também para acabar com as rivalidades políticas que conspiravam pelo controlo da polícia politica e fraturavam o regime por dentro.
No dia 18 de novembro de 1933 a recém-criada Sociedade da Propaganda Nacional liderada por António Ferro mostra-se ao país. Aproveita-se o lançamento à água do contratorpedeiro Douro, um dos 5 navios da classe Vouga mandados construir por Salazar, para fazer uma cerimónia imponente.
Nessa mesma noite, pela calada, a PVDE põe em marcha a sua primeira grande operação de repressão política prendendo centenas de opositores por todo o país.
O grande objetivo da PVDE era no entanto o famoso major Sarmento de Beires. Porque era perseguido pela polícia este então célebre pioneiro da aviação militar portuguesa?