Cartas a uma Ditadura é um mergulho perturbador no obscurantismo que dominou Portugal por mais de 50 anos
Uma centena de cartas, escritas por mulheres portuguesas, em 1958, foram encontradas por acaso num alfarrabista que não as leu por achar que eram cartas de amor.
Respondem a uma circular enviada por um misterioso movimento de apoio à ditadura do qual não há referência nos livros de história.
A circular a que respondiam nunca chegou a ser encontrada mas, pelas cartas que temos em mãos, percebe-se que era um convite para que as mulheres se mobilizassem em nome da paz, da ordem, e sobretudo em defesa do salvador da pátria: Salazar. Em todas as cartas, estas mulheres falam da gratidão e da admiração que têm pelo ditador.
Mas, como se a necessidade de falar fosse mais forte, por entre chavões e frases feitas, surgem por vezes o medo, a tristeza, o isolamento em que se vivia em Portugal nos anos 50. Uma costureira, muitas professoras primárias, donas de casa, algumas esposas de homens importantes do regime assinam as cartas.
Ao confrontar, hoje, estas mulheres com os fantasmas do passado, e graças a um material de arquivo inédito, Cartas a uma Ditadura é um mergulho perturbador no obscurantismo que dominou Portugal por mais de 50 anos.