Um programa icónico e revolucionário na televisão portuguesa gravado no Teatro Villaret, com apresentadores e convidados de luxo.
Estávamos em Abril de 1969. O Homem ainda não tinha chegado à Lua. Salazar já não estava na cadeira do poder, assumindo-a agora Marcello Caetano. A Censura apertava o cerco à liberdade da televisão. Ramiro Valadão era o novo homem forte a conduzir os destinos da RTP, um braço aliado do poder. Mas apesar da estagnação que se vivia em Portugal, Raúl Solnado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia propunham a realização de um programa diário, "de estúdio aberto, porta aberta". Ramiro Valadão foi peremptório, "Era complicado... mas porque não fazer semanalmente?" - Daí a um mês nascia o Zip-Zip.
Raúl Solnado, Carlos Cruz, Fialho Gouveia, juntamente com Baptista Rosa, estiveram na génese da criação de um programa que iria revolucionar o panorama português não só televisivo como social.
Como os próprios "mentores" do programa o afirmaram, um ano antes o "Zip" não teria sido possível. Mas agora estava-se em plena Primavera Marcelista, e a amplitude de movimentos sempre era um pouco maior. O país, esse, respondeu com entusiasmo a um programa que revolucionou as noites da televisão, o futuro de muitos programas que viriam a ser feitos, a consciência e as atitudes do público e mesmo a relação com os Censores. Alguns tabus caíam, e do primeiro ao último minuto do programa viviam-se tanto alegrias como tristezas.