Documentário sobre Mário Eloy, uma figura cimeira do Modernismo Português
Mário Eloy nasceu em 1900, em Lisboa. Depois de uma meteórica passagem pelo teatro dedicou-se à pintura a partir de meados da década de 20. Desde as primeiras obras que revela um entendimento profundamente moderno da pintura.
É sobretudo em Paris, onde o artista se instala em finais de 1925, que a sua pintura, bem como os inúmeros desenhos então realizados, denotam um empenho no aprofundamento de preocupações constitutivas da modernidade internacional, todavia o cubismo que experimenta não se coaduna com um entendimento mais emotivo da pintura que procura.
Muda-se em 1927 para Berlim e o encontro com as tendências expressionistas é fulgurante. Desenvolve então uma pintura em que a gestualidade da pincelada aliada a um cromatismo ácido de profundos contrastes entre valores tímbricos e surdos faz escândalo quando pela primeira vez é exposto no provinciano meio lisboeta dos finais desta década.
O regresso indesejado mais interioriza os retratados ou as próprias paisagens. Um contínuo processo pessoal penoso, em que traços de perturbação mental não são já racionalizáveis pela actividade artística, degrada-o e afasta-o do convívio social onde sempre foi admirado. Os notáveis desenhos que realiza nos finais da década de 30, princípios da década de 40 revelam uma irracionalidade cuja radicalidade ultrapassa os pressupostos teóricos do Surrealismo.
A importância da sua obra, a par com a de Amadeo de Sousa-Cardozo, no contexto do modernismo português é plena. Atestam-no a representação da sua obra em colecções como a do Museu do Chiado, Centro de Arte Moderno da Fundação Calouste Gulbenkian ou na Fundação da Casa de Serralves, a par das mais prestigiadas colecções particulares.
Mário Eloy viria a falecer tragicamente num hospício em 1951.