O QUATRILHO

Um melodrama intimista, um jogo de conflitos e interesses

No início do século XX dois jovens casais de italianos, Teresa e Angelo e Pierina e Massimo, instalam-se numa remota e isolada propriedade rural no sul Brasil. Partilham, todos quatro, a dura vida quotidiana e a mesma casa, num aparente equilíbrio, até ao dia em que Teresa começa a ter dificuldades em esconder o seu avassalador desejo pelo marido de Pierina. Teresa e Massimo acabam por fugir juntos deixando para trás os respectivos conjuges num estado de total amargura e indignação. Pierina e Angelo tentam manter uma relação neutra entre eles mas acabam por se envolver também um com o outro, ao ponto de se considerarem casados para suprema indignação e escândalo da sua tradicional e conservadora comunidade.
Filho dos produtores Lucy e Luíz Carlos Barreto e irmão de Bruno Barreto, o autor de "Dona Flor e os seus Dois Maridos", Fábio Barreto adaptou ao cinema em 1995 um romance de José Clemente Pozenato em "O Quatrilho", que conquistou a nomeação para o Oscar da Academia de Hollywood do Melhor Filme de Língua Estrangeira. Trata-se de uma crónica evocativa do movimento de emigrantes italianos do início do século XX no sul do Brasil, que se debruça sobre o caso de dois jovens casais estabelecidos numa remota propriedade rural. Quando os dois casais entram em ruptura, com a fuga da mulher de um deles com o marido do outro, os dois restantes acabam por se assumir como casal, perante a indignação da sua comunidade. Barreto constrói um melodrama intimista, reflectindo sobre um jogo de conflitos, interesses e desejos sentimentais ou mesmo tempo que vai traçando a génese de um país feito das mais distintas culturas, cujos valores se vão transformando à medida das necessidades de sobrevivência. Destaque para a excelente Banda Sonora de Caetano Veloso e para as interpretações das duas conhecidas e talentosas actrizes que assumem os principais papeis: Glória Pires e Patrícia Pillar.