A vida do último Imperador da China na grandiosa visão de Bernardo Bertolucci, que criou um magnífico fresco histórico vencedor de 9 Oscares da Academia de Hollywood, com John Lone e Peter O¿Toole.
Manchúria, 1950. Numa estação de comboios guardas militares obrigam prisioneiros de guerra a entrar nas carruagens, rumo à China. Entre eles encontra-se Pu Yi, que até ser capturado pelos soviéticos era o Imperador da China. Na casa de banho tenta cortar as veias e enquanto se esvai em sangue, evoca a sua acidentada vida desde o momento em que com três anos de idade foi arrancado à sua mãe e levado para a Cidade Proibida em Pequim. Nomeado sucessor no trono imperial, Pu Yi é educado num estranho, e ao mesmo tempo fascinante, universo interior onde cresce e estuda no meio de centenas de enucos, impedido de qualquer contacto com o Mundo exterior e envolvido em constantes reverências e protocolos. A sua vida é, porém, amenizada pela companhia de um grilo de estimação, que mantém secreto, uma dedicada ama de companhia, pelas brincadeiras com os enucos mais próximos e pelas visitas do seu irmão. A sua vida sofre uma grande alteração com a chegada ao palácio imperial, em 1919, de Reginald Johnston, um tutor escocês que lhe vai abrir os horizontes e tornar-se no seu maior amigo e confidente. No presente, Pu Yi passa pelas várias fases da sua reeducação marxista nas prisões da China Vermelha e continua a recordar a sua intensa e agitada trajectória como último imperador de uma China à beira do colapso, dilacerada pela guerra e finalmente dominada por Mao. Pu Yi acabou os seus dias como jardineiro em Pequim.
"O Último Imperador" é uma grande produção que ao longo de mais de duas horas e meia recria as passagens mais significativas da vida do último imperador da China. Bernardo Bertolucci assina um filme grandioso e espectacular, na sua magnífica reconstituição de época, onde se reuniram actores e técnicos de mais de seis países, durante seis meses de rodagem na China. Bertolucci fica também para a História, como o primeiro cineasta ocidental a quem as autoridades chinesas permitiram filmar no interior da Cidade Proibida, a residência oficial imperial chinesa que é hoje um museu. Nove mil peças de guarda roupa, quase vinte mil figurantes e dezenas de milhões de dólares ajudaram Bertolucci a recriar a apaixonante, amarga e irónica trajectória de um homem que foi Imperador da China e acabou os seus dias como insignificante jardineiro, num filme ambicioso e deslumbrante. Nomeado para nove Oscares da Academia de Hollywood, "O Último Imperador" conquistou, o que é raro, todos os Oscares a que era candidato, incluindo os de Melhor Filme e Melhor Realizador. O regresso ao grande cinema clássico e às grandes reconstituições históricas num filme marcante dos anos oitenta.