A Maldição da Pantera

Blake Edwards a prolongar a célebre série cómica da "Pantera Cor de Rosa" para além do desaparecimento de Peter Sellers.

O inspetor Clouseau está desaparecido há um ano e até o Presidente da França está preocupado, exigindo que seja contratado o melhor detetive do Mundo para o localizar. Todavia Dreyfus, o antigo e malogrado chefe de Clouseau, receoso do reaparecimento dele, baralha o jogo e contrata o pior detetive que encontrou: o norte-americano Clinton Sleigh. Desastrado e incapaz, Clinton sobrevive a inúmeras armadilhas e acaba, sem nunca perceber como, por cumprir a sua missão.

A morte de Peter Sellers deveria ter, por óbvia extensão, tornado a série da "Pantera Cor de Rosa" inviável. Porém, Blake Edwards já tinha conseguido realizar um filme da série sem Sellers, servindo-se de cenas soltas ou retiradas de outros filmes da série. Mas, em "A Maldição da Pantera", Edwards assume deliberada e intencionalmente a irreversibilidade do desaparecimento de Sellers, aliás o celebérrimo inspetor Clouseau, e constrói uma divertida e itinerante comédia em torno de uma busca impossível: um igualmente desastrado e incapaz detetive tenta descobrir o paradeiro do misteriosamente desaparecido Clouseau. Jogando com a ilusão, a nostalgia e a evocação, Edwards assina uma divertida comédia de sabor "mad" com um jovem comediante americano, Ted Wass, que segue, literalmente, as pisadas de Sellers no principal papel. Um filme com um punhado de hilariantes gags, como o do chapéu de chuva no meio da tempestade, que graças a um artificialismo de montagem e de dobragem de voz foi, ainda, a derradeira aparição de David Niven no cinema.