POLA X

Leos Carax adaptou um romance de Melville ao presente e criou uma desconcertante e cruel história de amor marginal, com Catherine Deneuve e Guillaume Depardieu.

Pierre, um jovem na casa dos vinte, vive com a sua bela, aristocrática e serena mãe num decadente palácio da Normandia. Pierre, um jovem sensível e introvertido, tem casamento marcado com Lucie, que ama discretamente, e dedica-se obsessivamente à escrita. Um dia, conhece, por mero acaso, Isabelle, uma sem abrigo de Leste que lhe revela ser a sua ignorada e insuspeita meia-irmã. Obcecado por esta revelação, Pierre, deixa a mãe, rompe o noivado e passa a partilhar a vida de miséria e errância da sua suposta irmã e das suas eslavas companheiras de infortúnio. Mudam-se para o seio de uma comunidade de músicos alternativos, que vivem numa fábrica abandonada, onde Pierre e Isabelle aprofundam a sua insólita e dolorosa relação.

Leos Carax, pseudónimo artístico do cineasta e antigo crítico dos ¿Cahiers du Cinéma¿ Alexandre Dupont, tornou-se numa espécie de ¿menino-prodígio¿ do cinema francês, aclamado pelas suas insólitas e poéticas longas metragens. Após uma ausência de oito anos, Carax regressou ao cinema com ¿Pola X¿, uma pessoal adaptação de um romance pouco conhecido de Herman Melville, ¿Pierre or the Ambiguities¿, escrito por volta de 1850, sobre a dolorosa busca de um jovem escritor burguês pela verdade absoluta. Carax projecta esta inconsequente e complexa trajectória no presente e constrói um filme intrigante, amargo, sinuoso e desconcertante, que é, mais uma vez, uma história de amor marginal, trágica e desconcertante mas, desta vez, de forte carga romanesca e literária. Carax parece, deliberadamente, criar uma obra de violentos e inconciliáveis contrastes, onde os mais sensíveis e tocantes sentimentos se fundem com momentos de absoluto realismo sórdido, com o jovem Guillaume Depardieu, a veterana Catherine Deneuve e a misteriosa Katerina Golubeva, actriz fetiche do lituano Sharunas Bartas, que surge também no elenco.