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O Conde d´Abranhos

A dor de Alípio Abranhos

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A dor de Alípio Abranhos

Episódio 10 de 13 Duração: 50 min

É sempre a mesma coisa. Quando os militares chegam ao poder não há liberdade que nos valha. Mesmo que não haja prisões, nem polícias a controlar as pessoas. É uma vida de amargura e foi esta constatação que Alípio fez do consulado do general. Houve momentos em que tudo parecia que ia desmoronar. Desconsiderado pela sogra, desrespeitado pela mulher, insultado pelo sogro, bem se pode dizer que Alípio tinha todas as razões para fazer disparates. Álcool, mulheres, festas desbragadas até altas horas foram um vento de horrores que passou na vida de Alípio. O padre Augusto teve de intervir. Horrorizado foi obrigado a viajar por lupanares e dezenas de centros de pecado que polvilhavam Lisboa. Conheceu médicos, juristas, deputados e surpreendentemente quase todos os presentes nas suas missas dominicais. A crise existencial de Alípio Abranhos confundiu-se com a crise de identidade do padre Augusto. Um tinha dedicado a vida á causa Parlamentar e o parlamento estava fechado. O outro que rezou missas e missas acreditando na salvação dos homens, ali estava confrontado com a sua derrota face á torpeza das almas impuras. Parecia que tinham tornado aos tempos em que se conheceram e padre Augusto recordando esses tempos passados conseguiu meter algum ânimo da alma de Abranhos. Voltar a escrever, pôr a sua caneta ao serviço da causa e revelar a sua grande autencidade como português e parlamentar. E com este assomo de coragem, Alípio voltou ás lides políticas e as consequências ultrapassaram todas as expectativas. O general e o governo militar tinham os dias contados. Eles e o desembargador Amado. Alípio resolveu contabilizar a seu favor os desmandos de Virgínia. Alguém tinha que pagar o jornal e moralmente Virgínia devia-lhe isso. Se queria chafurdar com o Doutor na porcaria, tinha de inventar forma do velho entrar com a massa pois que ele já não tinha nada a perder. A política não atava nem desatava e por ele, mais valia ser um corno livre de que viver com os cornos dentro de casa. Mas uma coisa tinha certa. Ele ia para o esgoto mas o destino dela seria a desgraça completa. Virgínia ainda protestou que ele estava a fazer chantagem e para sua surpresa Alípio concordou. Era pegar ou largar.

Ficha Técnica

Título Original
O Conde d´Abranhos
Intérpretes
Paulo Matos, Sofia Alves, NIcolau Breyner, Rui Luis, Helena Coelho, Henrique Viana, entre outros
Realização
António Moura Mattos
Produção
Antinomia Prods.
Autoria
Francisco Moita Flores, baseado na obra de Eça de Queiroz
Música
Paco Bandeira
Ano
2000
Duração
50 minutos