A história privada de Alípio Abranhos e a sua ascensão social
A série decorre à volta da história de Alípio Abranhos, homem de genealogia meio confusa - algo entre relações adúlteras e a roda das crianças abandonadas de um convento de Penafiel-, bacharel em Direito que adquire o título de conde.
A ação passa-se no séc. XIX, exatamente em 1871, na ressaca das Conferências do Casino e no momento em que José Fontana, Azedo Gneco, Antero de Quental e outros lançam as bases da Fraternidade Operária, semeando as ideias republicanas, socialistas e operárias que resultavam das várias soluções políticas que se ensaiavam por toda a Europa. Face a este vento de modernidade, Alípio Abranhos emerge como um hesitante, alguém que se afasta deste debate por razões de mero cálculo político e social. O seu objetivo é claro: quer casar rico e fazer carreira à custa da cunha. Para tanto escuda-se numa imagem moralista e preconceituoss, mas na realidade é um boémio que gosta de genebra (que bebe em segredo) e de mulheres (que escolhe num escalão social que não permite o escândalo). Para consolidar a carreira não olha a meios: despreza o pai, corta relações com a madrinha que o educou, representa junto de padre Augusto a encenação de um católico fervoroso, adula a sogra pela qual nutre um ódio profundo, trai o dirigente Cardoso Torres que o levou para a ribalta da política, conseguindo chegar a ministro. Por acaso, ministro da Marinha, ele que apenas vira uma vez o mar e odiava barcos.