Fernando Lopes-Graça, nascido em Tomar a 17 de Dezembro de 1906, foi porventura o mais completo compositor português do século XX, com um amplo leque de criações que vão da música de câmara à música sinfónica, da música instrumental à música vocal, da música de inspiração popular à música atonal, da música de intervenção à música abstrata, num total de mais de duas centenas de obras. Além de músico, procurou intervir como cidadão no plano político e social, tendo sido proibido de exercer a profissão de professor de música pelo regime do Estado Novo, contra o qual sempre se posicionou, tendo sido aliás, por essa razão, detido, julgado e condenado. As suas Canções Heroicas, compostas nos anos 1940, foram utilizadas como verdadeiros hinos de resistência ao longo da ditadura. Com Michel Giacometti, empreendeu uma recolha sistemática da música popular portuguesa, de que veio a incorporar muitos temas nas suas composições. Fundou e dirigiu o coro da Academia dos Amadores de Música, para interpretar a capella peças suas e adaptações de canções populares. Entre as suas obras mais importantes, destacam-se dois concertos para piano e orquestra, uma sinfonia, o ciclo de canções com coro e orquestra História Trágico-Marítima, um concerto para violoncelo e orquestra (a convite do violoncelista Mstislav Rostropovitch) e, já depois do 25 de Abril, um Requiem pelas Vítimas do Fascismo em Portugal, para além de múltiplos ciclos de canções e peças para piano e para outros instrumentos. Disputa certamente, com poucos outros, o título de compositor português mais importante do século XX, e por isso achamos justificar-se plenamente a produção de um documentário biográfico sobre a sua figura, trabalho que, tando quanto sabemos, jamais foi empreendido. O documentário terá um fundo sonoro permanente de obras de Lopes-Graça ? gravando-se ao vivo algumas das suas peças mais emblemáticas ?, além de recorrer a filmes de arquivo da RTP sobre entrevistas e concertos dados pelo compositor