Ti Coragem & Filhos Lda.
A partir de Mãe Coragem e os Seus Filhos, de Bertolt Brecht
Tradução: António Sousa Ribeiro;
Dramaturgia: Jorge Louraço Figueira, Marco Antonio Rodrigues;
Encenação: Marco Antonio Rodrigues
MAIS INFOIntérpretes:
Dinis Binnema, Eva Tiago, Hugo Inácio, Isabel Craveiro, João Santos, Margarida Sousa e Rui Damasceno;
Narrador:
Pedro Lamas;
Sinopse:
Portugal, 2024. Um grupo de especialistas do exército nacional, com a missão de assegurar o direito de todos a participar no esforço de guerra, e proporcionar o acesso de toda a gente à linha da frente, garantindo parte, claro, do respetivo soldo, procura carne para canhão.
O grupo é chefiado por um capitão, velho combatente da guerra colonial, e inclui homens que fizeram o tirocínio nas intervenções na ex-Jugoslávia. Os homens mostram o lado positivo da guerra, em especial como a micro-economia de guerra é o melhor modelo de desenvolvimento económico e social na atual conjuntura histórica, facilitando a integração na economia global, e promovem o acesso ao combate, incentivando as pessoas a criar a sua própria unidade, e várias unidades a constituírem um pelotão, mostrando como fazer para envolver a comunidade e o território no esforço de guerra, e trabalhar para a economia local.
Após a criação de dois ou três pelotões (2560 pessoas) poderão formar a sua própria companhia e partir. A administração militar providenciará uma comparticipação financeira de até 70% do investimento inicial, fornecendo ainda veículos militares, armas de combate pessoal e munições conforme a dimensão da companhia. O fardamento deve cumprir as regras de funcionalidade e design da aliança militar; mas os projetos que usarem elementos gráficos da tradição regional serão valorizados. Por exemplo, na Póvoa de Varzim os pelotões formados incluem uma tradicional camisola poveira no uniforme, para enfrentar o inverno; a camisola pode ser adquirida online por qualquer civil, auxiliando o esforço de guerra e a economia local.
Um bom exemplo de parceria civil militar é caso da conhecida empresa Ti Coragem, cuja tradição recuava aos anos 1940, e que foi percursora do empreendedorismo de guerra, reinventando processos nos anos 1970 e 1980, e assim antecipando as tendências de gestão. O grupo de militares mostra num powerpoint a trajetória de Ti Coragem, que começou o negócio com uma velha carrinha recuperada, com um projeto auto sustentado de comércio de bens indispensáveis que no calor da batalha providenciava aos militares de ambos os lados tudo o que era necessário para garantir o seu bem estar e sobrevivência, e, deste modo, a continuidade da guerra. Além disso, Ti Coragem vendia passaportes, salvo condutos e vistos gold da melhor qualidade. Ajudada pelos filhos, pôde começar a ajudar as famílias que queriam afastar-se da linha da frente, adquirindo a preços justos o mobiliário, a roupa e até o bric à brac que os novos refugiados quisessem deixar para trás na partida para o exílio, levando fundos suficientes para chegar aos países vizinhos ou até ao novo mundo. Com o tempo, a sociedade Ti Coragem &Filhos, Lda. arriscou investir no imobiliário, gerindo os terrenos, fábricas, casas e apartamentos dos que partiam. O negócio foi se desenvolvendo aos poucos, tendo dado origem ao império que todos conhecem hoje em dia, e teve tal sucesso logo no início que de imediato os filhos foram recrutados pela administração militar, assumindo papéis de gestão e consultoria junto das forças armadas.