Em 9 de Abril de 1918, a tropa portuguesa que guarnece um sector de 11 Km da frente é composta por soldados vindos de um país atrasado, analfabetos na sua maioria, e desmoralizados por diversos motivos: o frio, a fome, a lama, os piolhos, as rações intragáveis, o calçado que apodrece, as fardas que se encharcam.
A tudo isto foram-se juntando os tempos intermináveis de permanência nas primeiras linhas, a rotação de tropas que não se faz, as licenças que só os oficiais podem gozar. Em 4 e 5 de abril dá-se o maior de vários motins que agitaram o Corpo Expedicionário Português (CEP) antes da batalha. A autoridade do comandante do CEP, general Tamagnini, só é restabelecida mediante a ameaça de utilizar artilharia pesada contra soldados do seu próprio exército.
Na noite de 8 para 9 de abril, cai sobre esta tropa o peso de uma das maiores máquinas de guerra do mundo. Em poucas horas, as posições portuguesas são varridas. Os episódios de resistência são raros e de contornos duvidosos - como o do "Soldado Milhões". Cerca de quatro centenas de soldados são mortos e muitos mais, cerca de 6.500, caem prisioneiros. Nos campos de internamento, irão passar fome e frio, mas não mais do que os seus captores. A desumanidade no tratamento dos prisioneiros não atingiu ainda os extremos que virão duas décadas mais tarde.
"La Lys, Batalha Centenária" é uma grande reportagem do jornalista António Louçã, com imagem de Paulo Lourenço e edição de Paulo Nunes.
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