A vontade dos militares do 25 de Abril era simples: acabar com a guerra do Ultramar e fundar a democracia, para o que era necessário derrubar o regime. O primeiro passo seria a nomeação de uma Junta de Salvação Nacional. Os dois anos que se seguiram, até à aprovação de uma Constituição (1976) e à realização de eleições, foram de enorme agitação, com afrontamentos de grande tensão. Em dois anos, sucederam-se seis governos provisórios, foram substituídos milhares de funcionários e de dirigentes e foi nacionalizado o essencial da estrutura económica e empresarial do país, a começar pelo sistema bancário. A comunicação social foi condicionada. Concedeu-se a independência às colónias africanas. Totalmente despojados dos seus bens, regressaram a Portugal mais de 600 000 residentes em África, uns retornados e outros expatriados. Foram dois anos de turbulência social e política. Terras, herdades, empresas e casas foram ocupadas, tendo os seus proprietários sido expulsos, por vezes presos, outras vezes exilados. Nas eleições de 1975 e 1976, ganharam os moderados, tendo desaparecido os radicais de direita e tendo sido derrotados os radicais de esquerda. Assim se afirmou a vontade dos cidadãos, que escolheram o regime em que queriam viver. Ao longo destes anos, a televisão esteve lá. Sempre presente. Houve acontecimentos que pareciam encenados para a televisão. Uns ocorriam a certas horas para permitir a presença da televisão. Outros só ganhavam força porque a televisão estava lá.
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Série documental de 2 episódios, conduzidos por António Barreto
António Barreto mergulhou nos arquivos da RTP em busca de perceber como o 25 de Abril mudou o quotidiano dos portugueses. O resultado é um retrato que atravessa décadas.