Play - Por mares nunca de antes navegados

Ep. 10

Duração: 8min

Género: Música

Antena2

Ao longo d’Os Lusíadas, Camões vai revelando uma visão crítica sobre a história. Quando se trata de celebrar a descoberta proporcionada pela viagem, porém, o seu olhar é optimista. O início do canto V serve de exemplo. MAIS INFOOs Lusíadas, V, 1-5 I Estas sentenças tais o velho honrado / Vociferando estava, quando abrimos / As asas ao sereno e sossegado / Vento, e do porto amado nos partimos. / E, como é já no mar costume usado, / A vela desfraldando, o céu ferimos, / Dizendo «Boa viagem!», logo o vento / Nos troncos fez o usado movimento. // II Entrava neste tempo o eterno lume / No animal Nemeio truculento; / E o Mundo, que c’o tempo se consume, / Na sexta idade andava, enfermo e lento. / Nela vê, como tinha por costume, / Cursos do Sol catorze vezes cento, / Com mais noventa e sete, em que corria, / Quando no mar a armada se estendia. // III Já a vista, pouco e pouco, se desterra / Daqueles pátrios montes, que ficavam; / Ficava o caro Tejo e a fresca serra / De Sintra, e nela os olhos se alongavam; / Ficava-nos também na amada terra / O coração, que as mágoas lá deixavam; / E, já despois que toda se escondeu, / Não vimos mais, enfim, que mar e céu. // IV Assi fomos abrindo aqueles mares / Que geração alg?a não abriu, / As novas Ilhas vendo e os novos ares / Que o generoso Henrique descobriu; / De Mauritânia os montes e lugares, / Terra que Anteu num tempo possuiu, / Deixando à mão esquerda, que à direita / Não há certeza doutra, mas suspeita. // V Passámos a grande Ilha da Madeira, / Que do muito arvoredo assi se chama, / Das que nós povoámos a primeira, / Mais célebre por nome que por fama, / Mas nem por ser do mundo a derradeira / Se lhe aventajam quantas Vénus ama, / Antes, sendo esta sua, se esquecera / De Cipro, Gnido, Pafos e Citera. // Ao longo d’Os Lusíadas, Camões vai amiúde revelando uma visão crítica sobre a história que narra. Quando se trata de celebrar a descoberta proporcionada pela viagem, porém, o seu olhar é optimista. O início do canto V mostra-nos o poeta a fazer brilhar a emoção dessa aventura.

Play - Por mares nunca de antes navegados
Género: Música Antena2

Coordenação de José Bernardes,
com Frederico Lourenço, Isabel Almeida, Micaela Ramon Moreira, Zulmira Santos,
e leituras por André Gago

Em parceria com a Comissão para as Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões

duração total 8min
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20 episódios disponíveis

Elegia I, O Poeta Simónides, falando - Zulmira Santos

Ep. 20 10 jun. 2025

Parte de uma elegia que espelha a contaminação entre a «imitatio vitae» e a «imitatio stili». Versos torturados que pensam, revelam e expõem os caminhos dolorosos da memória (leitura de André Gago)

Soneto 30 Sete anos de pastor Jacob servia - Micaela Ramon

Ep. 19 03 jun. 2025

Soneto narrativo que recria um episódio bíblico de modo pessoal. No poema, sobressai apenas a constância amorosa de Jacob que, perante a decisão de Labão de lhe dar Lia, em vez da desejada Raquel (leitura de André Gago)

Os Lusíadas, X, 76-79 - Isabel Almeida (leitura de André Gago)

Ep. 18 27 mai. 2025

Diz-me o que entendes por prémio, dir-te-ei quem és. Fará sentido adaptar assim, a Camões e ao seu poema, o provérbio popular? Vê-lo-emos observando as estrofes 76-79 d’Os Lusíadas.

Canção IV - Frederico Lourenço (leitura de André Gago)

Ep. 17 20 mai. 2025

A encenação do «Eu» lírico camoniano como Petrarca redivivo, ao mesmo tempo que foca a presença do rio Mondego na poesia de Camões.

Os Lusíadas, III, 20-21 - Zulmira Santos (leitura de André Gago)

Ep. 16 13 mai. 2025

Camões descreve Portugal como «cume da cabeça» da Europa, tornando patente um amplo conhecimento de mapas, referindo-se às representações cartográficas da Europa como uma jovem coroada, ditas ginecomórficas.

Soneto 93 - Micaela Ramon (leitura de André Gago)

Ep. 15 06 mai. 2025

Nas quadras deste soneto é apresentada a tese de que o amor é um sentimento capaz de toldar a razão; nos tercetos, o sujeito poético pessoaliza as afirmações esclarecendo que resultam da sua experiência pessoal.

Os Lusíadas, X, 8-9 - Isabel Almeida (leitura de André Gago)

Ep. 14 29 abr. 2025

Entre a euforia e o desânimo, ou do desânimo à euforia – a oscilação repete-se em diversos lugares d’Os Lusíadas. Resistir ao cansaço, vencer o desespero que a vida e o mundo provocam – eis o gesto no começo do canto IX.

Os Lusíadas 5.88-89 - Frederico Lourenço (leitura de André Gago)

Ep. 13 22 abr. 2025

Nas estâncias finais da narração de Vasco da Gama, Camões invoca os poetas clássicos Homero e Vergílio. O comentário centra-se na questão da atitude de Camões em relação a Homero.

Soneto Um mover d’olhos brando e piedoso - Zulmira Santos

Ep. 12 15 abr. 2025

Soneto «inspirado» em Petrarca e na tradição petrarquista, que desenha o perfil e os movimentos, aparentemente serenos, da «donna angelicata» que, qual Circe, enfeitiça e metamorfoseia. (leitura de André Gago)

Cantiga “Quem tão mal vos empregou” - Micaela Ramon

Ep. 11 08 abr. 2025

Cantiga dedicada à lamentação pela perda do objeto amado. Camões faz sobressair o lado humano do amante despeitado que sofre por amor emitindo juízos sobre as escolhas da amada (leitura de André Gago).

Os Lusíadas, V, 1-5 - Isabel Almeida (leitura de André Gago)

Ep. 10 01 abr. 2025

Ao longo d’Os Lusíadas, Camões vai revelando uma visão crítica sobre a história. Quando se trata de celebrar a descoberta proporcionada pela viagem, porém, o seu olhar é optimista. O início do canto V serve de exemplo.

Soneto 38 O cisne quando sente ser chegada - Frederico Lourenço

Ep. 9 25 mar. 2025

Soneto camoniano que se insere no interesse quinhentista sobre o tema do cisne, não só em consequência do poeta romano Horácio como de uma canção de Arcadelt que fez êxito na época (leitura de André Gago)

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