Documentário de Francisco Manso sobre o médico e naturalista português Garcia de Orta
O naturalista Garcia de Orta foi considerado um génio da medicina portuguesa. Revolucionou a medicina pois, segundo ele, só acreditava no que lhe era confirmado pelo que via, pela ciência experimental.
Nasceu por volta de 1499 em Castelo de Vide, filho de judeus sefarditas espanhóis, que vieram viver para aí expulsos pelos Reis Católicos.
Estudou na Universidade de Salamanca e licenciou-se em medicina em Alcalá de Henares, em 1523.
Voltou para Castelo de Vide e mais tarde, em 1526, obteve licença para praticar medicina em Portugal, tendo-se mudado para Lisboa. Tornou-se médico do Rei D. João III.
Em 1533 foi escolhido para dar aulas de Filosofia Natural na Universidade de Lisboa.
Partiu em Março de 1534 para a Índia. Orta estabeleceu-se como médico em Goa, tendo atingido enorme reputação.
D. João III concedeu-lhe a ilha de Mumbai, ainda quase deserta, onde teve uma quinta. Recolhia e analisava as plantas dos locais que percorria, que até então eram conhecidas apenas superficialmente no Ocidente. A algumas delas, Orta reconhece grande valor medicinal.
Foi médico e amigo pessoal do poderoso sultão de Ahmadnagar, Nizan Shahi, tendo contactado com comerciantes e viajantes de todas as nacionalidades e religiões.
O seu celebrado livro "Colóquios dos Simples e Drogas Medicinais da Índia", que provocou uma verdadeira revolução no meio científico ocidental, foi editado em Goa em 1563.
Para além do seu valor científico, a obra de Orta inclui a primeira poesia impressa do seu amigo Luís de Camões, com quem conviveu em Goa. O livro foi escrito em português e traduzido em latim e foi editado pelo médico e Botânico Charles de L´Escluse, também conhecido por Clusius, tendo tido a partir daí enorme divulgação nos meios científicos europeus.
Garcia de Horta morreu em Goa em 1568. Após a sua morte a Inquisição iniciou uma forte perseguição à sua família. Esta perseguição culminou com a exumação dos restos mortais de Garcia da Orta, em 1580, e a sua condenação à fogueira por judaísmo.