Uma investigação do Linha da Frente seguiu o rasto da aplicação de alguns fundos comunitários, concedidos a Portugal.
Com os dados que nos foram facultados, concluímos que pelo menos 387 milhões de euros foram mal aplicados, e que o Estado Português está a tentar a sua restituição junto dos beneficiários.
Estes fundos foram, indevidamente, recebidos por milhares de entidades, entre 2007 e 2020.
É muitas vezes do orçamento do Estado, que sai a verba que tem de ser devolvida à União Europeia.
Isto quer dizer que podem ser os contribuintes portugueses a pagar estas dívidas.
Desde 1986, até ao momento, Portugal já recebeu mais de 160 mil milhões de euros em fundos, mas a sua má utilização, as irregularidades ou a fraude levantam várias questões.
Para a procuradora-geral adjunta, Ana Carla Almeida, uma das maiores especialistas do Ministério Público no combate à má utilização dos fundos europeus, o sistema de reporte da fraude que existe no país não é fidedigno, não é fiável e os números não correspondem à realidade. Ana Carla Almeida também afirma que Portugal perde duas vezes, quando não consegue recuperar fundos mal aplicados.
Para António Ferreira dos Santos, Inspetor-Geral de Finanças, e presidente da Comissão de Auditoria e Controlo do PRR, deveria ser criado um Mecanismo Nacional antifraude, à semelhança do já criado, Mecanismo Nacional anticorrupção.
Entrevistas concedidas, em exclusivo, ao Linha da Frente, sobre um tema que levanta muitas questões sobre a transparência.
"Onde Param Os Fundos" é grande reportagem da jornalista Sandra Salvado, com imagem de Emanuel Prezado e Paulo Jorge e edição de Pedro Pessoa.