Até meados do séc. XVIII, o litoral do concelho de Almada era completamente despovoado. Ninguém vivia no território daquela que, no séc. XX, veio a ser uma das principais cidades satélites de Lisboa: a Costa da Caparica. Foram pescadores da zona da ria de Aveiro e do sotavento Algarvio que, por razões diferentes, no decurso de 1700, convergiram para os areais da Costa da Caparica. Pioneiros no povoamento da região, à época infecta, esses pescadores, do Norte e do Sul do país, foram abandonados à sua sorte durante cem anos pelas autoridades locais e nacionais. A partir dos anos 20 do séc. XX, com o início da exploração turística da Costa da Caparica, os descendentes desses primeiros povoadores foram exilados nas periferias do novo centro urbano. Com o Estado Novo, os pescadores da Costa da Caparica passaram a gozar de benefícios sociais sem precedentes e a sua imagem a ser esgrimida pelo regime com fins propagandísticos. Uma história surpreendente contada pelo investigador Francisco Silva, que conseguiu a classificação da Arte Xávega, a arte dos pescadores da Costa da Caparica, como Património Cultural Imaterial.