A vida do historiador e político, personalidade de grande relevância para a segunda metade do século XX português
Documentário de Miguel Costa sobre a vida de José Medeiros Ferreira (1942-2014), personalidade de grande relevância para a história da segunda metade do século XX português.
Este trabalho tem como essência a adaptação de textos autobiográficos que Medeiros Ferreira escreveu para o livro "Memórias Anotadas", intercalando-os com depoimentos de familiares e figuras de grande relevo na vida política, jornalística e académica de Portugal dos últimos 50 anos, com quem se cruzou, tais como: Maria Emília Brederode dos Santos, General António Ramalho Eanes, João Bosco Mota Amaral, Carlos César, Margarida Figueiredo, Maria Inácia Rezola, Carlos Almeida, Eduardo Paz Ferreira, Mário Mesquita, Maria do Carmo Figueiredo, Pierre Dominicé, François Garçon, Miguel Medeiros Ferreira, Vasco Cordeiro e Pilar Damião.
O açoriano José Medeiros Ferreira veio para o continente para estudar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, destacando-se como dirigente da RIA na primavera estudantil de 1962. Proibido de frequentar as universidades portuguesas, exilou-se na Suíça, onde se formou em História na Universidade de Genebra.
Em 1973 apresentou uma tese no III Congresso da Oposição Democrática, na qual previu que a ditadura em Portugal iria ser derrubada pelos militares, e que os mesmos seriam parte integrante do processo de democratização, descolonização e desenvolvimento. Foi a futura inspiração do programa do MFA. Esta teoria foi recebida por todos como um pensamento desajustado da realidade portuguesa. Mas o facto é que a previsão de Medeiros Ferreira se viria a concretizar.
Após o 25 de Abril de 1974, fez parte da Assembleia Constituinte como deputado do PS, foi Secretário de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, cabendo-lhe a árdua missão de restituir a credibilidade de Portugal nas Nações Unidas e na Europa, bem como de recuperar a confiança dos países anteriormente colonizados por Portugal.
Tido como atlantista e europeísta, juntamente com Mário Soares conseguiu que o grupo restrito de países ricos, que na altura formavam a CEE, aceitasse a candidatura de Portugal a futuro membro desta organização. Tido como um especialista em relações internacionais, escreveu diversos livros sobre a história contemporânea de Portugal, criando escola e conquistando um grande grupo de seguidores. Era frequentemente convidado para comentar temas da política internacional.