"Daqui só saio morto", é a frase que Alexandre repete durante 300 quilómetros, ignorando o cansaço e as bolhas dos pés. Com 12 anos, ele é um dos jovens herdeiros das Romarias de São Miguel, nos Açores, uma tradição cultural única no mundo, candidata a património mundial da UNESCO.
"Sempre que havia um tremor de terra, uma enxurrada, uma catástrofe natural, a romaria era uma forma de apaziguar a ira divina, e elas estão atestadas nos documentos desde o século XV e XVI", refere a historiadora Susana Goulart Costa.
O Linha da Frente fez-se à estrada com os romeiros da Ribeira Quente, todos eles profundamente marcados por uma tragédia que lhes matou amigos e familiares.
Pela primeira vez, durante uma semana inteira, uma televisão acompanhou estes peregrinos que nunca param de caminhar, debaixo do sol, da chuva e do vento.
O Caminho da Ilha Grande é uma reportagem da jornalista Sandra Vindeirinho, com imagem de Rui Machado Rodrigues, edição de Sara Cravina e grafismo de Sónia Lourenço.